Carlos Eduardo Lins da Silva, de San Francisco, e Flávio Dieguez
Em março os astrônomos americanos Geoffrey Marcy e Paul Butter descobriram mais um planeta fora do sistema solar. É o terceiro que eles localizam em apenas três meses. Para isso usaram telescópios relativamente fracos perto dos novos aparelhos que a Nasa quer pôr em órbita entre 2003 e 2010 para procurar outros mundos e verificar se lá existe vida. De preferência inteligente! Durante décadas, com medo de perder credibilidade, a Nasa escondeu do público seus projetos de procurar organismos no espaço. Eles agora são seu porta-estandarte. O ramo científico da moda se chama exobiologia, que é o estudo da biologia fora da Terra. E a palavra de ordem é encontrar os ETs.
Há nove anos caçando planetas
Todos os meses, há nove anos, o astrônomo americano Geoffrey Marcy sai de sua casa em San Francisco, na Califórnia, viaja duas horas até o Observatório Lick, da Universidade Estadual de San Francisco, e geralmente fica lá uns três dias, torcendo para o céu não estar coberto de nuvens. Se estiver, não há o que fazer, não dá para ver estrelas assim. Mas, com o clima a favor, Marcy trabalha todas as noites, das seis da tarde às seis da manhã, num telescópio chamado Shame, cuja lente mede 3 metros de diâmetro. Seu objetivo, como o de muitos outros astrônomos atualmente, é procurar planetas em torno de outras estrelas que não o Sol.
Marcy falou à SUPER em seu escritório no campus principal da universidade. Contou como os astrônomos estão vasculhando nossa região da Via Láctea em busca de estrelas que têm planetas em volta, e como isso pode levar à descoberta de organismos em outros mundos. Para ele, a busca começa pela seleção dos próprios alvos, que antes de mais nada têm que ser razoavelmente brilhantes e próximos de nós. Do contrário não podem ser observados de maneira detalhada. Em segundo lugar, devem ser parecidos com o Sol porque, se tiverem planetas à sua volta, fica mais fácil compará-los com a Terra.
A chave é a cor do brilho
E é por meio dessa comparação que os astrônomos esperam chegar ao grande objetivo da atual corrida aos planetas: encontrar indícios de extraterrestres, mesmo que sejam simples micróbios. Com isso em mente, em 1987 Marcy e seu colega Paul Butler puseram mãos à obra. Montaram uma lista de 120 estrelas promissoras e sempre que o tempo deixava examinavam uma a uma. Verificavam, principalmente, se a sua luz se alterava devido ao chamado efeito Doppler. Nada muito complicado. Trata-se, simplesmente, de uma mudança regular na cor dos astros, que ora ficam um pouco mais azulados, ora mais avermelhados.
O efeito é um indício de que a própria estrela está se movendo, sucessivamente se aproximando e se distanciando da Terra. E a causa desse movimento, por sua vez, pode ser a força gravitacional de um planeta próximo. Claro: na prática a coisa não é tão simples. A própria Terra pode atrapalhar, pois ela se mexe o tempo todo no espaço e tem grande variedade de movimentos, como o que faz em torno de si mesma ou ao redor do Sol. É preciso usar programas sofisticados de computador para eliminar as complicações no efeito Doppler.
Batidos pelos europeus
Assim, em outubro do ano passado, Marcy e Butler estavam nesse paciente trabalho quando souberam que haviam sido batidos pelos suíços Michel Mayor e Didier Queloz. Eles tinham observado um efeito Doppler na estrela 61 da Constelação do Pégaso, e de acordo com os cálculos, a causa era um planeta semelhante a Júpiter girando à sua volta. Imediatamente Marcy e Butler largaram o que estavam fazendo e se concentraram na 61 do Pégaso.
Apesar de não terem sido os primeiros a achar um planeta fora do sistema solar, eles dizem que se encheram de ânimo porque conseguiram confirmar a descoberta dos suíços. E o ânimo valeu. Em janeiro, a dupla americana empatou o jogo, encontrando o seu primeiro planeta na estrela 47 da Ursa Maior, e logo depois achou o segundo na estrela 70 da Virgem. Ou seja, em fevereiro eles já estavam ganhando de 2 a 1.
A água na mira dos astrônomos
De acordo com Geoffrey Marcy, os suíços Michel Mayor e Didier Queloz obervaram a estrela 51 do Pégaso durante um ano até ter certeza que ela estava mesmo “balançando” no espaço. Afinal deu para perceber o seu vaivém constante, denunciado pela mudança na cor da estrela, mais azulada na vinda, mais avermelhada na volta. O balé durava exatamente 4 dias, 5 horas, 31 minutos e 12 segundos. E só com esse dado já foi possivel deduzir que havia por perto um objeto qualquer, pálido demais para ser visto ao telescópio. As equações da Astronomia indicam que o corpo invisível estava a 7,5 milhões de quilômetros da 51 do Pégaso.
Mas o telescópio trazia mais informação. Como a mudança de cor era intensa, mostrava que a estrela corria bastante, chegando a l90 quilômetros por hora. Parece muito, mas de fato não é. Para puxar um astro comparável ao Sol com essa velocidade basta um corpo com metade da massa de Júpiter. Saber a massa é importante. A 51 do Pégaso podia muito bem estar acompanhada por uma outra estrela, pequena demais, ou muito pouco brilhante, para ser vista ao telescópio. Essa possibilidade foi eliminada pelo simples fato de que qualquer estrela é mais pesada que Júpiter, e a massa estimada pelos suíços era menor. “A fera só podia ser um planeta”, concluiu Marcy.
Vem novidade por aí
Contabilizando tudo, vê-se que o trabalho de busca exige muita paciência. Mas a paciência de Marcy está rendendo dividendos de sobra, num prazo simplesmente alucinante. Depois de checar a análise de Mayor e Queloz, e se certificar de seus próprios achados, na estrela 70 da Virgem e na 47 da Ursa Maior, ele e Butler viram sinais de mais um planeta – o terceiro da sua lista e o quarto contando o dos suíços. Ele fica na estrela 55 do Câncer, a 45 anos-luz da Terra. Tem a mesma massa de Júpiter e está a 15 milhões de quilômetros da estrela, dez vezes menos que a distância da Terra ao Sol.
E vem mais por aí. A partir de julho, a dupla passa a usar o mais potente telescópio terrestre do mundo, o Keck, situado no Monte Mauna Kea, no Havaí. “Com um instrumento melhor, vamos ter acesso a astros de menor massa e menor brilho. Temos mais chance de achar planetas”, diz Marcy. Não admira que ele e Butler já estejam tomando providências e ampliando o número de estrelas que consideram promissoras. Sua lista, que havia começado com 120 astros, já passou para 200 e deve chegar a 300 (veja acima o mapa com alguns desses astros).
Desafio é achar criaturas
Até lá, é possível que o desafio maior não sejam mais os próprios planetas, e sim a perspectiva de que eles sejam habitados por algum tipo de criatura. Essa possibilidade, a rigor, está colocada desde já, pois os três planetas achados por Marcy e Butler podem, pelo menos em princípio, ter água líquida. Por isso, têm condições de abrigar seres vivos. “Eu não tenho dúvida de que existem lá fora planetas com água corrente e uma grande riqueza de reações químicas”, diz ele. Esse processo aconteceu na Terra, levando ao aparecimento da vida. Também é provável que tenha acontecido em Marte. Este ano mesmo surgiram pistas importantes de que já houve micróbios por lá, embora tenham se extinguido há milhões de anos. Esses fatos sugerem que o processo da vida pode ser bastante comum em diversos pontos da galáxia.
Telescópio vai ficar perto de Júpiter
O mais ambicioso projeto da Nasa atualmente chama-se Origins (origens). Não é por acaso. Sua meta é verificar como surgiram os seres vivos e também os planetas, as estrelas e as galáxias como a Via Láctea. Tudo isso sem gastar muito dinheiro. “Dá para fazer”, disse à SUPER o diretor do projeto, Edward Weiler. Basta planejar bem, como se vê pelos novos telescópios que a Nasa pretende colocar em funcionamento. Eles serão iguais aos modelos já instalados em terra, mas vão operar em órbita. Só por isso vão aumentar de maneira fantástica a capacidade humana de observar o Universo.
É certo que os novos instrumentos têm que ser pelo menos dez vezes mais leves do que os terrestres, senão fica muito caro lançá-los ao espaço. Reduzir o peso não é tarefa das mais simples. Mas Weiler está animado porque tem muita força política, obtida graças ao êxito do Telescópio Espacial Hubble, no qual trabalhou dezoito anos. Mesmo assim é cauteloso, já que não poderá contar com muito dinheiro. “Vamos ter bem menos de 500 milhões de dólares”. Para se ter uma idéia, o Hubble custou quatro vezes mais, ou seja, 2 bilhões de dólares.
Mais potente que o Hubble
O Origins pretende construir não um, mas três telescópios espaciais. O mais possante deve voar em 2010. Vai se chamar Planet Finder (descobridor de planetas) e ficará estacionado em órbita de Júpiter, a quase 1 bilhão de quilômetros da Terra (veja o infográfico acima). Nessa região escura do sistema solar, bem longe do Sol, o Finder terá mais facilidade para captar a luz mortiça de planetas distantes, até menores do que os já identificados, que têm dimensões equivalentes às de Júpiter. O objetivo é chegar a corpos parecidos com a Terra, mil vezes menores. Além disso, o Finder vai poder analisar a própria atmosfera dos planetas que encontrar.
As tarefas do Origins foram delineadas entre abril de 1994 e maio de 1995 por uma comissão especial, presidida pelo astrofísico Alan Dressler, diretor do Observatório Carnegie, em Pasadena, Califórnia. Foi uma grande conquista da Nasa, já que Dressler é um especialista em galáxias, e não em estrelas ou planetas. Apaixonado pelo Brasil – que conhece pelas escalas que faz aqui quando vai ao Chile usar os telescópios de Las Campanas, nos Andes –, ele é otimista. Põe muita fé nos novos instrumentos que a Nasa promete construir. Acha que, com eles, vai ficar muito mais fácil ir de encontro aos ETs. Dressler talvez só não seja mais otimista do que o astrofísico Carl Sagan, da Universidade Cornell. Em recente entrevista exclusiva à Veja, Sagan comenta os planetas detectados nos últimos meses e arrisca um palpite: “Para as próximas décadas podemos esperar a descoberta de centenas de sistemas planetários ao redor de estrelas próximas”.
Das moléculas às criaturas inteligentes
A ciência não é capaz de garantir que existe vida fora da Terra. Mas tem meios de provar que os seus ingredientes estão em toda parte no espaço. E os cientistas ouvidos pela SUPER afirmaram, com maior ou menor convicção, que se inclinam a acreditar na existência de seres vivos. Até em vida inteligente. “Ela deve ser muito rara”, diz Geoffrey Marcy. “Pois na Terra há cem mil espécies animais e só uma tem inteligência”. Mesmo assim, Marcy acha que existem seres dotados de raciocínio. “Eles estão em algum lugar entre as 100 bilhões de estrelas da Via Láctea”.
O mais entusiasmado com essa possibilidade é o físico Paul Horowitz, da Universidade de Harvard, diretor do Projeto Beta, que monitora permanentemente o espaço em busca de sinais de microondas (os mesmos usados nas linhas internacionais de telefone). Apoiados por doações, inclusive de Steven Spielberg, o cineasta que dirigiu ET, os cientistas do Beta usam um rádio-telescópio de 28 metros de diâmetro situado perto de Boston, nos Estados Unidos. Eles esperam ouvir mensagens de extraterrestres entre os sinais que gravam. “Eu aposto a minha vida como há civilizações alienígenas”, disse Horowitz à SUPER.
Proteínas no espaço
A declaração é forte, mas não é exagerada (veja o infográfico acima). Existe hoje um ramo inteiro da biologia, chamado exobiologia, cujo único objetivo é o estudo da vida extraterrestre. Os exobiólogos afirmam com segurança que em todos os cantos da Via Láctea existem moléculas orgânicas, as mais importantes na constituição dos seres vivos. Se reagirem entre si em condições ideais, elas podem formar células, cromossomos, células e, quem sabe, até um órgão como o cérebro.
Os exobiólogos fazem suas descobertas examinando a luz que vem das nuvens de poeira cósmica, que têm cerca de 150 variedades de moléculas orgânicas. Também analisam os asteróides e meteoritos caídos na Terra, nos quais o número de moléculas sobe para mais de 400. Há inclusive aminoácidos, que entram na composição das proteínas, e praticamente todos os átomos envolvidos nas reações químicas da vida.
Segundo Michael Meyer, diretor de Exobiologia da Nasa, existe até uma teoria, não comprovada, mas sólida, de que os cometas podem ter sido decisivos no desencadeamento do processo de vida na Terra. Ao caírem aqui, semearam os ingredientes para fazer as primeiras células. “Já não há dúvida de que os cometas foram importantes”, afirma Meyer. Resta saber que peso tiveram, e isso não é pouca coisa. Como diz o cosmólogo Harold Klein, da Universidade de Santa Clara, na Califórnia: “A exobiologia tem desafios ilimitados”. explica. “E por enquanto, tem recursos bem limitados.” O que a Nasa pretende, agora, é mexer nesses recursos para obter o maior retorno possível em termos de conhecimentos. Se der certo, dentro de alguns anos vamos saber, finalmente, se somos ou não os únicos habitantes do Universo.
PARA SABER MAIS
Cosmos, Carl Sagan, Livraria Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1980.
Infinito em todas as direções, Freeman Dyson, Editora Nova Cultural, São Paulo, 1988.
The alchemy of the heavens, Ken Croswell, Anchor Books, Nova York, 1996.
The Demon-Haunted World, Carl Sagan, Random House, Nova York, 1995.
O endereço dos mundos já encontrados
Eles circundam estrelas nas vizinhanças do Sol, como se formassem um pequeno bairro dentro da galáxia.
Na periferia solar
Os três planetas descobertos até fevereiro deste ano ficam em estrelas de constelações conhecidas, Pégaso, Virgem e Ursa Maior. Veja a posição que elas ocupam em relação ao Sol.
Via Láctea
A galaxia tem 130 000 anos luz de diâmetro (cada ano-luz mede 9,5 trilhões de quilômetros) e reúne uns 200 bilhões de sóis. Os telescópios, no máximo, vão explorar uma região de 500 anos-luz à volta da Terra.
O Sol é o modelo
O nosso sistema solar ajuda a entender os novos sistemas porque suas estrelas (51 do Pégaso, 47 da Ursa Maior e 70 da Virgem) são parecidas com o Sol. E seus planetas são semelhantes a Júpiter em tamanho e peso. Eles não foram vistos, e sim detectados indiretamente.
O mais estranho
O planeta da 51 do Pégaso tem metade da massa de Júpiter e 80% do tamanho. Muito perto do seu sol para ser gasoso, deve ser todo feito de rochas. No nosso sistema, os grandões (como Júpiter são gasosos. Os pequenos (como a Terra) são rochosos.
O mais normal
Com 3,5 vezes a massa de Júpiter e provavelmente gasoso, o companheiro da estrela 47 da Ursa Maior está dentro dos padrões conhecidos. “Apesar de não ser gêmeo de Júpiter, se encaixaria bem em nosso sistema solar”, disse Paul Butler, um dos seus descobridores, à revista Astronomy.
O mais promissor
Na superfície, o mundo de 70 da Virgem tem a temperatura de uma xícara de café bem quente, 85 graus Celsius. Isso cria a possibilidade de água líquida e de reações químicas. São as condições primárias para haver vida. Vai ver, a água nem existe de fato, mas os astrônomos estão entusiasmados.
Alguns alvos para os próximos anos
Veja a localização de quinze estrelas que os astrônomos Marcy e Butter vão examinar a partir de agora.
Os astros ao lado não têm nome, só um número de identificação. Fazem parte da imensa população anônima da Via Láctea. Foram escolhidos para ser observados por Marcy e Butler porque estão relativamente perto da Terra, são mais ou menos como o Sol e emitem luz suficiente para serem analisados. No total, Marcy e Butler já listaram 200 estrelas assim e esperam estender o número para 300 em breve.
Veja onde fica Sirius, um neon dentro da noite
Compare as direções e as distâncias das estrelas à esquerda com a de Sirius, a mais brilhante do céu. No dia 21, nove horas da noite, ela está bem acima do local onde o Sol se pôs (veja o mapa completo do céu na página 85).
A Nasa tenta chegar mais perto das estrelas
Com instrumentos no espaço é mais fácil avistar mundos em volta de outros sóis.
Olhando do chão mesmo
Por enquanto, os astrônomos ainda usam os observatórios comuns, instalados no solo. Empregam a técnica de verificar se uma estrela está mudando de cor. É uma pista segura de que pode haver planetas em órbita. Por meio de cálculos, em seguida, pode-se confirmar o achado. Infelizmente, não dá para ver o próprio planeta.
Segunda etapa é no céu
Já no ano que vem o Hubble deve ganhar uma nova lente para poder ver calor. Com elas se pode visualizar diretamente os planetas, porque eles emitem bastante calor. Além disso, em 2003 a Nasa vai lançar um novo telescópio espacial capaz de captar luz comum com várias lentes. Depois um aparelho chamado interferômetro combina os raios e melhora a precisão do instrumento.
As visões do calor
Na próxima década, muitos telescópios espaciais vão captar calor, em lugar da luz visível. Os cálculos mostram que a luz refletida por um planeta é 10 bilhões de vezes mais fraca do que a de uma estrela. Já em termos de calor a diferença é menor, de 10 milhões de vezes. Ou seja, é mil vezes mais fácil detectar um planeta pelo calor do que pela luz .
Multiplicação dos olhos
O aparelho que a Nasa vai pôr em órbita em 2003 (veja na página anterior) vai ser só um protótipo. Em 2010, sobe um instrumento aperfeiçoado, o Planet Finder. São de fato, quatro telescópios a 90 metros um do outro, em órbita de Júpiter. Um quinto aparelho combina a luz dos quatro primeiros. A precisão do conjunto é muito maior do que a de cada instrumento sozinho.
Colecionador de mundos
Pouca gente teve uma entrada de ano tão exultante quanto o americano Geoffrey Marcy. Entre dezembro e fevereiro, ele e seu colega Paul Butler flagraram dois planetas, e em março já tinha um terceiro na mira. Ao longo de 1996, Marcy diz que vai ajudar a completar uma dezena de planetas “estrangeiros”. Sua conta é simples: “Se localizei 3 planetas analisando apenas 70 estrelas, devo topar com mais cinco ou seis quando completar minha lista de 200”.
Uma fórmula para achar extraterrestres
Veja como se calcula a probabilidade de haver civilizações em algum lugar da Via Láctea.
Todas as estrelas
São cerca de 200 bilhões na Via Láctea. A partir daí, separa-se o joio do trigo, excluindo as estrelas que provavelmente não apresentam condições adequadas ao desenvolvimento de organismos vivos.
Sistemas solares
O astrofísico americano Carl Sagan estima que apenas um terço das estrelas pode ter planetas. Ele elimina as que têm existência muito curta, ou que são muito instáveis por emitir energia demais. Com isso, restam uns 65 bilhões de estrelas interessantes.
Locais propícios
Em regiões muito quentes, frias ou pobres em elementos químicos dificilmente haveria evolução biológica. Dos nove planetas do Sol, só Vênus, Terra e Marte têm boas condições. Vamos restringir mais e apostar em só dois “bons” lugares por estrela. Total na galáxia: 130 bilhões.
Vencendo o azar
Às vezes os organismos têm tudo para se desenvolver e uma catástrofe cósmica acaba com a possibilidade. Como não dá para prever coisas assim, o melhor é exagerar e dizer que só um terço dos locais que teriam seres vivos escapam do azar. Ficam cerca de 45 bilhões de mundos a investigar.
Quem pode pensar
Consenso absoluto entre os cientistas: só em circunstâncias especialíssimas os organismos chegam a um estágio de inteligência de alguma forma comparável à nossa. Sagan opina que isso só acontece em um décimo dos possíveis mundos habitados. Eles então seriam 4,5 bilhões.
As civilizações
Se já é difícil estimar onde haverá vida na galáxia, imagine as civilizações que possam se comunicar conosco! No máximo se pode supor que apenas uma em cada dez espécies pensantes criam sociedades avançadas. Logo, o número do quadro anterior cai para 450 milhões.
Limite do tempo
Agora é preciso contar as que existem neste momento. A nossa existe há um período 100 milhões de vezes menor que a idade do Universo. Divida o número do quadro anterior por 100 milhões e você vai ver que restam só quatro ou cinco possibilidades de existir civilizações contemporâneas à nossa.
Somos poucos
Em conclusão, a existência de criaturas fora da Terra é muito provável. Mas o contato com elas é improvável, pois os possíveis seres pensantes são raros e estão separados por imensas distâncias.
“Carl Sagan”
“Quero saber tudo sobre eles”
O astrofísico Carl Sagan foi um dos que mais defenderam a idéia de procurar indícios de organismos pela galáxia afora. Veja abaixo um trecho do livro que ele acaba de lançar nos Estados Unidos, The Demon-Haunted World (o mundo assombrado pelo demônio), onde fala desse assunto:
“Ainda não vimos prova convincente de vida além da Terra. Mas estamos apenas no início da busca. E a qualquer momento pode surgir uma informação importante. Eu não creio que haja alguém mais interessado do que eu em sermos visitados. Eu economizaria muito tempo se pudesse estudar a vida extraterrestre diretamente. Mesmo que os alienígenas sejam baixinhos, melancólicos e obcecados por sexo, eu quero saber tudo sobre eles”.