Internet debaixo d¿água
Em plena era dos satélites, 80% da comunicação mundial passa pelo mar
Texto Nina Weingrill
Em fevereiro, dois navios que passavam ao norte do Egito acertaram em cheio 5 fios que conectavam a Ásia ao Oriente Médio. Resultado? 85 milhões de pessoas, em 8 países, ficaram uma semana sem acesso à internet. Isso porque, mesmo em plena era dos satélites, 80% da comunicação mundial ainda é feita por uma rede de 270 cabos que passam pelo mar, em profundidades entre 500 e 2 mil metros (veja no infográfico os principais). É que os cabos submarinos são muito mais potentes. Enquanto um satélite transmite no máximo 2,5 gigabits (bilhões de bits) por segundo, um cabo consegue transmitir até 1,2 terabits, ou seja, 500 vezes mais informação. Por isso, as empresas de telecomunicações preferem os cabos. Só que, mesmo tendo uma proteção reforçada, eles não são invulneráveis. A maioria dos problemas nos cabos, 83%, é causada por navios, e o resto tem motivos diversos: de terremotos a mordidas de tubarão. O Brasil teve, nos últimos 10 anos, apenas um problema com seus cabos, mas sem conseqüências graves. “Se um dos cabos é cortado, o sinal é redirecionado para outro”, diz Jorge Santos, engenheiro da Embratel. Tudo isso para que a internet nunca falte na sua casa.
Como o cabo é instalado
Os navios que instalam cabos submarinos têm uma tarefa bastante árdua. Isso porque, além de serem obrigados a navegar em linha reta para economizar o cabo (que custa em média US$ 600 por quilômetro), precisam desviar de cadeias de montanhas submarinas. Ou seja: a viagem é lenta, e não é fácil.
1. O barco leva o cabo até a praia e o liga à central de telecomunicações (que transmite os dados dentro do país).
2. O barco libera uma espécie de minissubmarino, que vai escorregando pelo cabo – puxando-o para o fundo.
3. O barco começa a andar e desenrolar o cabo, que é assentado no fundo do mar com a ajuda do minissubmarino.
4. Ele tem 7 cm de diâmetro, ou seja, é mais fino do que parece. Mas possui várias camadas de proteção.