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Lógica incerta move máquinas

O americano Lotfi A. Zadeh cria um sistema de processamento de dados de lógica incerta, que está sendo usado pela Sony, cujos computadores começam a operar segundo o princípio de que entre o sim e o não existe o talvez. O segredo está em driblar complexos sistemas de probabilidades, que exigiriam programas com alto grau de refinamento matemático.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h52 - Publicado em 31 ago 1990, 22h00

O filósofo e matemático francês René Descartes ( 1596 – 1650) ficaria perplexo se pudesse tomar conhecimento da lógica de processamento de dados que os japoneses estão implantando em equipamentos cada vez mais ousados – desde computadores destinados a prever o comportamento do mercado de ações, até sistemas de ar condicionado que se autoregulam em função do número de pessoas no ambiente, passando por máquinas de lavar que trabalham de acordo com o tipo de sujeira da roupa. A perplexidade de Descartes seria mais do que justificada. Pois, ao contrário da lógica que leva o seu nome, o modelo cartesiano, baseado em distinções absolutas – certo e errado, sim e não, 1 e 0 -, a lógica desenvolvida pelo russo naturalizado americano Lotfi A. Zadeh reconhece um mundo de possibilidades entre os dois pólos.

Graças ao sistema que ele criou, os computadores finalmente começam a operar segundo o princípio de que entre o sim e o não quem sabe exista o talvez. Professor da Universidade Berkeley, Califórnia, com 69 anos, Zadeh foi descoberto pelos japoneses, que souberam criar aplicações práticas do que ele chamou fuzzy (lógica incerta, vaga, indeterminada). A Sony, por exemplo, incorporou-a a um modelo de televisor para regular a imagem. O aparelho armazena em um circuito integrada quarenta imagens consideradas perfeitas pelos critérios cor, brilho e nitidez, às quais compara as imagens que chega. Assim, a figura de um ator sob a luz do estúdio é confrontada à de um homem sob a luz do sol – o parâmetro ideal – e o resultado intermediário aparece na tela. No começo do ano, a Matsushita lançou uma máquina de lavar dotada de sensores óticos que lhe permitem medir o tipo e a quantidade de sujeira na roupa. Com esses dados, a lógica incerta permite que o aparelho escolha a melhor maneira de limpar as peças. A Sony utilizou a idéia em um computador portátil capaz de entender o texto escrito diretamente na tela – algo que já existia, mas funcionando com menos eficiências.

Segundo os especialistas em inteligência artificial, o modelo de Zadeh combina dois sistemas conhecidos: o uso de regras pré-programadas e a capacidade de aprender com a experiência, o que o torna flexível o bastante para simular as imprecisões inerentes à linguagem e ao pensamento humanos. O segredo está em driblar os complexos sistemas de probabilidades, que exigiriam programas com alto grau de refinamento matemático e centenas de regras para serem demoradamente consultadas pela máquina. Com a lógica incerta, porém, os números são arredondados e calculados rapidamente, possibilitando os usos práticos do nem sim nem não. Prevê-se que, em menos de uma década, equipamentos produzidos em vários países funcionarão baseados na lógica incerta. Mas, por enquanto, tais aparelhos só existem no Japão.

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