Débora Lerrer
Não é preciso imaginação para saber como serão os aviões de passageiros do século XXI. Muitos deles já podem ser vistos nos aeroportos do mundo todo. As estrelas da nova geração de jatos são o A-330 e o A-340, lançados em 1992 pelo consórcio europeu Airbus. Eles são controlados por um sistema chamado fly by wire, desenvolvido para aviões de combate. Todos os comandos do vôo são acionados por cinco computadores de bordo. As máquinas calculam todos os movimentos, com altíssima precisão. “Isso torna o avião à prova de erros do piloto”, disse Rui Amparo, vice-presidente da TAM, empresa brasileira que usa o A-330 desde o ano passado. Num vôo de 8 horas em um desses aparelhos, a mão do piloto só é indispensável durante 5 minutos.
O passo seguinte já está sendo esboçado nas pranchetas dos engenheiros. A Nasa, a agência espacial americana, e a Boeing, maior fabricante de aviões do mundo, estão desenvolvendo um jato capaz de transportar 300 passageiros a uma velocidade três vezes maior que a do som. Uma viagem entre o Rio e Paris levará menos de 3 horas nesse aparelho. O HSCT (sigla em inglês para Transporte Civil de Alta Velocidade), que ainda não tem data para ser lançado, substituirá o Concorde, o primeiro supersônico criado para uso civil. Mais silencioso e mais econômico que o seu antecessor, o HSCT percorrerá os 12 000 quilômetros que separam Los Angeles, nos Estados Unidos, de Sydney, na Austrália, em apenas 3 horas. Hoje a viagem leva quase cinco vezes esse tempo.
Que tal uma voltinha na Lua?
A nova paixão dos engenheiros da Nasa é a linha de aviões conhecida como Hyper-X, atualmente em fase de desenvolvimento. Trata-se de jatos hipersônicos, quer dizer, que voarão até dez vezes mais rápido que a velocidade do som, o Mach-10. Eles estão sendo projetados para o vôo orbital, em substituição aos atuais ônibus espaciais – que ainda decolam na vertical, impulsionados por tanques de combustível que viram lixo espacial logo depois da decolagem. As novas espaçonaves, como o X-43, irão decolar e pousar como aviões. A previsão da agência espacial americana é que os Hyper-X entrem em teste a partir de 2003. Mas sem piloto.
Bomba sonora
A quebra da barreira do som faz o chão tremer.
Bang sônico é o estrondo que acontece sempre que um avião ultrapassa a barreira do som, fugindo do próprio barulho. Antes de chegar ao Mach-1, a velocidade do som (cerca de 1 100 quilômetros por hora), ele emite ondas sonoras em todas as direções. À medida que acelera, comprime o ruído à sua frente como quem aperta uma sanfona. Quando atinge o Mach-1, o som concentrado fica para trás e se propaga em forma de ondas de choque, que fazem tremer tudo ao tocar o solo.
1. Este caça da Força Aérea americana foi flagrado por uma câmera especial no momento exato em que atingia o Mach-1. As linhas coloridas são a barreira do som.
2. A linha vermelha é a onda de choque principal, que se forma ao redor do nariz. Ela é puro som concentrado. Quando chegar ao solo, vai provocar um estrondo.
3. Quando atingir esta área azul o caça estará voando mais rápido que o barulho. Você iria vê-lo antes de ouvi-lo.