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O caminhão à prova de greve

O trucão elétrico da Tesla, no Brasil, permitiria uma economia equivalente a um corte de 40% no preço do diesel

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 30 Maio 2018, 18h06 - Publicado em 30 Maio 2018, 16h30

A greve dos caminhoneiros jogou na cara de todos o quanto somos dependentes de combustíveis fósseis, seja na escala micro, com a escassez de gás de cozinha, e o alface a preço de picanha, quanto na escala macro, já que a paralização deve afetar o PIB de maneira significativa. O cenário seria outro, no entanto, numa realidade em que os caminhões fossem elétricos.

Bom, se você acompanha o noticiário de tecnologia sabe que isso pode virar realidade em relativamente pouco tempo: a Tesla, montadora de Elon Musk, apresentou um modelo que parece viável. Trata-se de um veículo sem nome (a Tesla chama-o apenas de “carreta”; “semi” em inglês).

Mas como seria rodar com um caminhão elétrico no Brasil? Bom, para começar, sairia mais barato para o caminhoneiro. Um caminhão típico faz 3 km por litro de diesel. Como o Diesel custa, em média, R$ 3,60 (antes da redução prometida pelo governo), o sujeito gasta quase R$ 1,2 mil a cada mil quilômetros. De acordo com a Tesla, o caminhão elétrico deles consome 1,25 kWh por quilômetro. No Brasil, 1,25 kWh custa mais ou menos R$ 0,75. Colocando isso em termos estradeiros, temos R$ 750 a cada mil quilômetros. Ou seja: uma economia de 40% – maior até do que (a irreal) redução de 30% no preço do diesel, que os grevistas estavam pedindo no começo.     

 

O calcanhar de Aquiles da máquina é o tempo de reabastecimento. As baterias têm autonomia para 800 km. Enchê-las numa tomada comum, porém, levaria dias. A Tesla, porém, desenvolveu tomadas de alta potência para recargas rápidas, e começou a distribuí-las pelo território dos EUA. Com elas, dá para encher a bateria em poucas horas. Ainda assim parece muito. E é muito, já que bastam alguns minutos para encher o tanque de um caminhão. Mas existe um pulo do gato aí. Bateria de lítio é bateria de lítio em qualquer canto, seja num caminhão elétrico, seja no seu celular. Seu celular enche até uns 80% bem rápido. O que demora mesmo é dos 80% até os 100%. Num veículo elétrico é a mesma coisa. A recarga até os 80% num Supercharger leva só meia-hora, e garante razoáveis 640 km de autonomia. Convenhamos: se o motorista usar as paradas para reabastecimento para fazer suas refeições, isso equivale a um tempo de recarga igual a zero. Nada mais do que zero.  

O caminhão da Tesla tem outro trunfo: pode transformar qualquer motorista de caminhão em um responsável por uma caravana. Assim como os carros da montadora, o caminhão tem um sistema de piloto automático mais avançado que a média. No caso, um sistema que permite realizar uma espécie de siga-o-mestre high tech. Você pode fazer com que vários caminhões desocupados sigam o caminhoneiro da frente. Na prática, é como se o caminhoneiro se tornasse um motorista de um trem que possui outros dois vagões lhe perseguindo pela estrada.

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O modelo ainda não chegou às lojas. A previsão é de que o Semi comece a ser entregue a partir do ano que vem – mas, vale dizer: Musk não é muito bom com prazos, então talvez seus compradores só vejam o caminhão meses, ou até anos depois da data estimada. Por enquanto, o que dá pra fazer é garantir uma reserva, dando um adiantamento de US$ 20 mil (R$ 74 mil). O preço final será de US$ 180 mil (R$ 670 mil). Caro. Um Scania R440, um dos caminhões mais vendidos do Brasil, custa R$ 425 mil.

Mas ele traz outra vantagem econômica em relação aos modelos à diesel, além de não usar diesel: motores elétricos têm poucas partes móveis. Com isso, exigem menos manutenção – o que, de acordo com  a Tesla compensaria o preço elevado. Os freios também tendem a durar mais, já que o freio-motor de qualquer veículo elétrico é tão poderoso que praticamente dispensa o uso das pastilhas. Musk mesmo disse que os freios do seu caminhão têm o potencial de durar “para sempre”. Sem manutenção. 

De resto, o caminhão da Tesla acelera que nem o demônio, como todo veículo elétrico. Tudo graças ao chamado “torque instantâneo”, que entrega toda a potência num piscar de olhos, sem necessidade de troca de marchas nem nada. Descarregado, ele faz de zero a 100 km/h em 5 segundos – o suficiente para deixar um Golf GTi para trás na saída do pedágio. Se a Tesla quer mesmo vender seus caminhões, então, nem precisam de muito blá blá blá marqueteiro sobre sustentabilidade. Basta anunciar isso. Fica a dica, Elon. 

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