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Pesquisador quer prever quais bebês vão virar criminosos

Minority Report da vida real: o cientista pretende usar Inteligência Artifical para saber as chances de um recém-nascido se tornar um menor infrator (antes mesmo dele aprender a falar)

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 31 out 2016, 19h06 - Publicado em 16 ago 2016, 20h00

Um pesquisador quer prever o seu destino – mas, ao invés de ler sua mão, ele pretende usar estatística. Richard Berk, criminalista e professor da Universidade da Pensilvânia, trabalha criando modelos matemáticos que antecipam o comportamento das pessoas desde os anos 60. O seu próximo desafio é usar Inteligência Artifical para “adivinhar” que cidadãos se tornaram menores infratores… Assim que eles chegarem à maternidade.

O cientista já criou uma série de “bolas de cristal” para o sistema criminal americano: alguns de seus sistemas usam informações demográficas para classificar o risco de reincidência de ex-presidiários a partir dos dados de criminosos anteriores.

Agora, ele quer observar fatores de risco de criminalidade muitos anos antes dele ser cometido – um salto exponencial até comparado ao filme de ficção científica Minority Report, onde videntes trabalhavam para o Estado revelando informações sobre criminosos horas antes dos incidentes.

O lugar por onde o pesquisador pretende começar é a Noruega. Lá, o governo mantem uma quantidade gigantesca de dados sobre cada cidadão, em arquivos individuais – ou seja, é o “alimento perfeito” para que um computador encontre padrões e tendências.

LEIAPremonição: Farejando desgraças

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A ideia de Berk e de colegas seus da Universidade de Olso é treinar a Inteligência Artificial com dados sobre bebês e suas circunstâncias de nascimento e levar o computador a buscar correlações com o destino dessas mesmas pessoas na adolescência e na fase adulta.

Quanto maior a qualidade dos dados entregues ao computador, melhores as predições que ele pode fazer. Isso significa que a Inteligência Artifical precisa ser alimentada com informação contextual e critérios para saber o que procurar. A princípio, o histórico dos pais e o ambiente no qual a criança nasce forneceriam a base de pesquisa.

No momento que o computador é capaz de entender o que há de comum entre bebês que se tornaram menores infratores, é possível usar o mesmo modelo estatístico para inferir a chance de novas crianças nascidas nas mesmas condições de se tornarem futuras criminosas antes dos 18 anos.

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LEIA: A guerra da inteligência artificial

Os pesquisadores ainda não sabem o quão aberto o governo norueguês estará a oferecer seu banco de dados para a ciência, como um professor de Oslo disse à agência Bloomberg.

Para além dos estudos acadêmicos, as aplicações desse conhecimento tem algumas preocupações éticas importantes. Os modelos estatísticos que já são usados no sistema criminal, por exemplo, tem passado por sérias controvérsias.

Em primeiro lugar, a influência deles pode subverter a lógica da inocência até que se prove a culpa. Além disso, algoritmos “são aquilo que comem”, em um nível ainda mais visceral que os humanos. Se eles são alimentados com dados que, historicamente, são influenciados por um viés racial e social, naturalmente a análise do computador – ainda que ele seja tecnicamente neutro – vai refletir esses preconceitos. Com isso, a inteligência pode ser artificial, mas a abertura para a discriminação e a injustiça vão indistinguíveis das humanas.

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