Uma tarde o técnico em telecomunicações Fabiano Surian Maia estava trabalhando em uma estação de radiotransmissão em Cascavel, no Paraná, quando foi atacado por uma nuvem de mosquitos. Irritado, tentou espantar os insetos usando várias freqüências sonoras diferentes em um aparelho transmissor. Até que conseguiu. Sem querer, chegou muito perto das ondas emitidas pelo sonar do morcego, um dos principais predadores dos mosquitos.
Os bichos aparentemente reconheceram o inimigo, pois fugiram de medo. “Aí eu tive a idéia de fazer um repelente acústico”, contou o inventor à SUPER. Maia foi parar no laboratório do biólogo Oswaldo Marinotti, na Universidade de São Paulo. Com a ajuda dele, acabou gravando um CD que reproduz sons de cerca de 100 000 hertz (ciclos por segundo), que imitam o sonar do morcego. São inaudíveis para os humanos, mas aterrorizantes para mosquitos como o Aedes aegypti, causador da dengue.
“Em testes, consegui repelir mais de 80% dos aedes”, comemora Maia. “Mas ainda faltam pesquisas conclusivas antes de pensar em um produto comercial”, alerta Marinotti.