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Rodney Brooks , o pai dos robôs

Rodney Brooks, cientista do MIT, diz que em 20 anos os robôs serão tão comuns quanto os PCs.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h32 - Publicado em 30 nov 2002, 22h00

Heitor Shimizu

No dia em que os robôs conseguirem pensar, certamente terão em Rodney Brooks um de seus heróis. Não é para menos. Poucos cientistas têm feito tanto pelo desenvolvimento da robótica quanto o diretor do Laboratório de Inteligência Artificial do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. Sob o comando do australiano Brooks, o AI Lab, como é conhecido o centro de pesquisas, criou, nos últimos anos, alguns dos mais avançados e memoráveis robôs de que se tem notícia, como os robôs-formiga, o Cog e o Kismet, que interagem com pessoas, dando sinais de alegria ou tristeza.

Para não ficar só na teoria, Brooks tratou de agir. É ele o criador do Roomba, robô que aspira o pó da casa. O Roomba é fabricado pela iRobot, empresa de Brooks que se dedica à produção de robôs domésticos e desenvolveu também a tecnologia de outro famoso robô, o Sojourner, que explorou Marte, em 1997. Do seu escritório no AI Lab, o cientista deu a seguinte entrevista à Super.

Super – Quando os robôs serão tão comuns como, por exemplo, os computadores pessoais, hoje presentes em milhões de lares?

Rodney Brooks – Em menos de 20 anos. Para fazer uma comparação, hoje os robôs estão no mesmo estágio em que os PCs estavam em 1978 ou 1979. Temos os primeiros robôs de brinquedo, os primeiros robôs de montar, os primeiros clubes para entusiastas da robótica e, agora, começam a surgir os primeiros robôs domésticos. Pessoas comuns estão começando a conviver com robôs.

Super – A inteligência artificial tem passado por momentos de grande otimismo. Logo após ter sido criada, em meados da década de 50, influenciou o cinema e a literatura e ganhou a imaginação popular. Mas, quase cinco décadas depois, robôs inteligentes como os que vimos nas telas ainda parecem restritos à ficção. Isso é motivo para desapontamento?

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Brooks – De jeito nenhum. Temos tido um sucesso tremendo. Hoje, por exemplo, usamos a inteligência artificial todos os dias, ainda que a maioria das pessoas não perceba. Os programas de computador utilizam muitos algoritmos que foram desenvolvidos pela inteligência artificial. Quando estamos em um avião, os pousos são programados por softwares de inteligência artificial. Os sistemas de injeção eletrônica de nossos carros usam um sistema de aprendizado para melhorar seu rendimento. Quando jogamos um videogame, estamos jogando contra um programa com inteligência artificial…

Super – Os cientistas conseguem construir uma máquina para derrotar o maior jogador de xadrez da atualidade mas ainda estão longe de criar uma que faça algo como falar ao telefone ou pegar um ônibus. Por quê?

Brooks – No início da inteligência artificial, acreditava-se que as coisas que os cientistas faziam melhor do que as pessoas comuns representavam a essência da inteligência. Então, os cientistas se concentraram em criar máquinas que provassem teoremas ou que jogassem xadrez. Entretanto, desde a década de 50, aprendemos dolorosamente que, na realidade, as coisas mais complexas são as que qualquer criança de três anos de idade faz. Por exemplo, uma criança pode entrar em uma casa que nunca viu antes e apontar para objetos que tenham detalhes diferentes de outros objetos que ela já tenha visto e nomeá-los: “cadeira”, “mesa”, “xícara”, “prato”. Nenhum dos robôs de hoje consegue fazer isso.

Super – Os robôs do futuro serão parecidos com os usados na automação industrial ou terão uma aparência mais humana?

Brooks – Eu suspeito que os robôs não terão aparência humana, ainda que construamos neles alguns aspectos humanóides, de forma que as pessoas possam entender intuitivamente o que eles estão fazendo e quais são suas intenções.

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Super – No Japão, há um grande interesse por robôs. Não à toa, algumas das principais empresas do país estão desenvolvendo e lançando robôs comercialmente. Outros povos, por outro lado, não parecem tão interessados por autômatos. O senhor vê a relação do homem com o robô como uma característica cultural?

Brooks – Há, certamente, um grande aspecto cultural em relação à interação das pessoas com os robôs. Nos Estados Unidos, a idéia de ter um robô em casa como “amigo” de um idoso é considerada deprimente, apesar de estar sendo promovida no Japão como um futuro provável. Nos Estados Unidos, robôs para fazer tarefas domésticas são considerados aceitáveis, mas eles não precisam ser “bonitinhos” (como no Japão). Por exemplo, minha empresa, a iRobot, tem vendido robôs para limpar casas. As vendas têm superado as expectativas, mas o robô não tem um visual “bonitinho”. É um utensílio doméstico que calha também de ser um robô.

Super – Algumas das mais avançadas pesquisas em inteligência artificial têm muito a ver com biologia. Há cientistas que pretendem mesmo criar máquinas com a capacidade de reprodução ou de evolução. Não seria mais fácil fazer máquinas que já nascem totalmente evoluídas?

Brooks – Ao crescer (evoluir), um robô pode se adaptar a um ambiente único, da mesma forma que os mamíferos se desenvolvem, aprendem e se adaptam a suas condições locais. Em relação ao crescimento físico (dos robôs), isso está provavelmente a centenas de anos de se tornar realidade. Quando esse dia chegar, não precisaremos mais construir robôs, vamos simplesmente fazer com que eles criem novos. M

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