Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Sexo: Onde nenhum homem jamais esteve

Centopéias fazem, garçons fazem, chineses fazem. E os astronautas, será que fazem? Descubra agora tudo que você sempre quis saber sobre sexo no espaço, mas não tinha a quem perguntar

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h48 - Publicado em 31 out 2006, 22h00

Roberta Faria

Eles trancaram a porta e deixaram o mundo para trás. Não houve champanhe, mas a sensação de que o quarto girava era a mesma. Eva suspirou ao constatar que estava flutuando. Devia ser a paixão. Dick arrancou o macacão e piscou para ela, enquanto pensava em uma nova interpretação daquela lei do velho Newton – será que na ausência de gravidade, tudo que sobe não desce? Sem preliminares, puxou Eva para si. Com uma mão abriu os zíperes de sua roupa e, com a outra, sacou as tiras de elástico. Amarrou a moça com uma prática que a fez corar. Eva deu uma risadinha e perguntou: “Você vai me vendar também?” Dick deu outra piscadela. “Não. Quero você de olhos bem abertos. Esta noite, vou te fazer ver estrelas.”

Dick e Eva são astronautas. E, na verdade, eles não existem, pelo menos por enquanto. Se tem gente fazendo sexo no espaço, esse é um segredo tão bem guardado quanto o dos alienígenas encontrados em Roswell. O que se sabe de fato é que, como na Terra, em algum momento o sexo no espaço será inevitável – e até mesmo necessário.

Let’s do it

Transar no infinito é uma velha fantasia, explorada por escritores de ficção científica (e pessoas imaginativas em geral) há tempos. Oficialmente, no entanto, os astronautas são como anjos. A Nasa, agência espacial americana, e a ESA, sua versão européia, dizem que não perdem tempo com isso, e que seus homens e mulheres são “profissionais”. Os russos também proíbem seus cosmonautas de tentar algo atrás dos tubos de oxigênio. Isso não seria nada de mais – oficialmente, sexo também é proibido em quase todos os lugares, como empresas e gabinetes de governo – não fossem duas circunstâncias especiais.

Primeiro: nos próximos anos, o avanço da tecnologia espacial permitirá, pela primeira vez, missões de longo prazo tripuladas. E uma equipe com homens e mulheres convivendo por 36 meses em confinamento, convenhamos, dá o que pensar. Mais que isso, qualquer tentativa de colonizar planetas ou viver em estações espaciais exige que se reproduza a vida tal como a conhecemos na Terra, sexo incluído. E, se por acaso o Sol engolir o planeta e precisarmos nos mudar para outras paragens, é bom saber como nascem os bebês lá fora. “O estudo do sexo e da reprodução no espaço será crucial para as missões de longo prazo”, acredita Jim Logan, um veterano médico da Nasa.

Continua após a publicidade

Número dois, e não menos importante, é que a era do turismo espacial já começou. Por enquanto, são viagens individuais, sob a vigilância das agências. Mas empresas já fazem sérios planos de construir hotéis em órbita e tornar esses passeios tão exóticos e acessíveis quanto um tour pelo Carnaval carioca. “Nós precisamos saber os riscos antes de mandar casais para uma lua-de-mel cósmica”, diz Laura Woodmansee, jornalista e autora do recém-lançado Sex in Space (Sexo no Espaço, sem versão em português). “De uma certa maneira, os primeiros bebês espaciais serão aliens.”

Vôo selvagem

Você deve estar se perguntando: se as pessoas são capazes de fazer sexo no banco de trás de um Fusca, então qual seria a dificuldade de transar em uma espaçonave? Várias. A mais óbvia – e divertida – delas é a gravidade zero. Se no Fusca o casal fica próximo até demais, no espaço o difícil é uni-lo e, na falta de um apoio constante como o chão, manter os movimentos durante a relação. Um impulso, tomado como vigoroso no carro, no espaço arremessaria os participantes para lados opostos. Ok, na primeira vez seria engraçado, mas na décima tentativa você provavelmente se sentiria um pouco ridículo. “Sem gravidade, o sexo precisaria ser coreografado, ou não passaria de um vôo selvagem”, diz Jim Logan.

Daí as amarras que Dick usaria em Eva. O sexo espacial precisará de alguns acessórios, como elásticos e tubos, que mantenham o casal ligado. Algum trauma com o porte da ferramenta? No espaço, a menor pressão sanguínea provoca uma ligeira diminuição no tamanho do pênis. Se fluidos corporais lhe incomodam, nem tente. A microgravidade aumenta a produção de suor e, sem convecção natural do ar para carregar o calor do corpo embora, milhares de gotinhas vão flutuar. Como sexo na chuva, com suor no lugar da água.

Efeitos colaterais

Continua após a publicidade

Mas essa é apenas a vista prática – e, dada a reconhecida inventividade humana para o sexo, não será o maior desafio. Os verdadeiros problemas estão na reprodução. Não se tem a menor idéia de como a fecundação humana funciona no espaço, ou de como o ciclo reprodutivo, do equilíbrio hormonal ao encaminhamento de óvulos e espermatozóides até o encontro final, é afetado pela ausência de gravidade.

E, se a gravidez acontecer, o nome do bebê será a última das preocupações. Experiências com ratos mostram que o desenvolvimento dos ossos e do cérebro do feto são prejudicados pela ausência de gravidade. “Depois da 26ª semana de gestação, a falta de gravidade afeta o o esqueleto e, após o nascimento, é a movimentação sob a força da gravidade que constrói importantes conexões neurais”, explica Logan.

Relações perigosas

Vamos voltar na história e supor que Dick e Eva conseguiram se manter grudados um no outro por tempo suficiente. Da Terra, os vigilantes da Nasa fingiram não ver o que eles estavam fazendo, apesar das centenas de câmeras na nave. Mas o resto da tripulação desconfia dos olhares apaixonados. E então Harry começa a ficar enciumado, porque está na seca faz tempo. Eva o acha interessante e aceita dar uma voltinha até a dispensa. Louise, a quarta tripulante, que ama Harry em segredo, vê tudo e conta para Dick. Os 4 brigam, perdem o controle da nave e se espatifam em um asteróide.

Se situações assim acontecem na vida real (tirando a parte do asteróide), é de esperar que ocorram no espaço também. A convivência próxima entre tripulantes envolvidos emocionalmente pode causar paixões, ciúmes, traições, brigas e toda sorte de eventos naturais nas relações – só que com mais intensidade por causa do confinamento. “O maior problema não é o sexo, mas a maturidade”, diz Joanna Wood, psicóloga do Instituto Nacional de Pesquisa Biomédica Espacial, em Houston, nos EUA. “Um comportamento tolerável na Terra, como terminar uma relação e mudar de parceiro, em ambientes isolados causa tensão, competitividade, rancor e desarmonia”.

Continua após a publicidade

Aprender fazendo

A única maneira de descobrir as respostas para todas essas perguntas é… fazendo sexo, estimulando relacionamentos e engravidando astronautas. E esse é justamente o problema. Experiências que misturam humanos e sexo recreativo não são exatamente bem-vistas. Com a relutância das agências espaciais de falar no assunto, cabe a pesquisadores autônomos e a astronautas aposentados dissertar sobre as possibilidades. É o caso de Ray Noonan, um Ph.D. que ensina sexualidade humana na Universidade Estadual de Nova York. “Se já fizeram sexo no espaço? Com certeza”, diz. Para Noonan, seria ingênuo acreditar em outra versão da história.

Os russos discordam. O Instituto de Problemas Biomédicos, agência do governo para estudos espaciais, acha que o sexo espacial não é tão necessário assim. A posição é de que os cosmonautas são altamente motivados pelo trabalho, e o resto é conversa de gente à-toa como eu e você, leitor. No entanto… “Seria bom ter uma vida sexual normal em missões de longo prazo”, diz Valery Polyakov, médico do instituto. Ele sabe melhor do que ninguém do que está falando: Polyakov é o recordista mundial de permanência no espaço, com 438 dias de dureza passados a bordo da falecida estação Mir. No entanto, ele garante que dá para passar sem. “Falta de sexo nunca interrompeu uma missão ou causou problemas na estação. Você compensa de outro jeito.”

Nasa Sutra

No final da década de 1990, um boato varreu a internet: a Nasa supostamente estava fazendo experimentos sexuais com os astronautas. A piada ganhou força, inspirou vários autores e motivou desde livros científicos até filmes pornôs. Essas pérolas e a imaginação de outros escritores geraram este guia que revelamos agora pela primeira vez: o Kama Sutra espacial.

O balanço

Continua após a publicidade

Peguem um suporte de bungee jumping e troquem os elásticos por estruturas fixas. Prendam-se nos cabos e desfrutem o suave vaivém.

O Escoteiro

O velho papai-e-mamãe torna-se cósmico com a ajuda de um tubo inflável para manter os parceiros no lugar. Um saco de dormir também serviria.

A supernova

Variedade da estrela ou 69 terrestre, exige o uso de prendedores de velcro para unir o casal. Muitos giros nessa posição podem causar enjôo.

Continua após a publicidade

A ursa maior

Sem gravidade, movimentos vigorosos são difíceis de fazer e ainda jogam cada membro para um canto. Use as tiras elásticas para controlar a fera.

A camisa de Vênus

Quando a americana Vanna Bonta começou a escrever Flight, um romance “quântico e espacial”, não sabia aonde iria chegar. Durante a pesquisa, embarcou em um vôo com queda livre, que lhe garantiu 20 segundos de gravidade zero. Esperta, Vanna levou o marido. Não houve sexo, mas os beijos foram quentes. E difíceis. “É difícil se manter conectado”, conta. A experiência a inspirou a criar uma roupa para as práticas amorosas espaciais. Com velcros e zíperes estratégicos, o 2Suit já foi patenteado.

Vale a pena ler

Sex in Space, Laura Woodmansee, Collector·s Guide Publishing, EUA, 2006

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.