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SpaceX chega a ponto mais distante da Terra desde a ida do homem à Lua

A Missão Polaris Dawn deve ser palco da primeira caminhada espacial civil nesta madrugada.

Por Bela Lobato
11 set 2024, 19h03

A expedição Polaris Dawn, da SpaceX, levou humanos para o ponto mais distante da Terra desde a ida do homem à Lua. A nave da empresa de Elon Musk decolou da Flórida, no sul dos EUA, na terça-feira (10) e levou apenas algumas horas para atingir a altitude de 1,4 mil quilômetros.

A última vez que uma expedição chegou tão longe foi em 1966, quando a missão Gemini 11 da Nasa chegou a 1,37 mil quilômetros. As duas distâncias, entretanto, ainda estão bem longe da necessária para chegar à Lua, que está a 384 mil quilômetros de nós

De qualquer forma, essa também é a maior distância espacial já percorrida por uma mulher – nesse caso, duas. A Polaris Dawn tem quatro tripulantes, todos civis: o comandante e financiador da missão, o bilionário Jared Isaacman; o seu amigo e ex-piloto militar dos EUA, Scott Poteet; e as engenheiras especialistas da SpaceX, Anna Menon e Sarah Gillis.

A missão Polaris Dawn

A viagem acontece a bordo da Crew Dragon, uma cápsula da SpaceX que já foi e voltou do espaço com pessoas a bordo outras 13 vezes. Dessa vez, o lançamento foi adiado duas vezes: originalmente, a missão deveria ter partido em 27 de agosto, mas enfrentou um vazamento de hélio. No dia seguinte, tentou partir novamente, mas não conseguiu por conta das condições meteorológicas.

Apesar da SpaceX e a Nasa serem parceiras em outras missões de carga e tripulação para a Estação Espacial Internacional (ISS), essa não é uma delas. A Polaris Dawn não é diretamente vinculada à Nasa e não fará uma parada na ISS. O voo é totalmente financiado e comandado por Isaacman. 

A missão deve durar apenas cinco dias. Além dos objetivos científicos e de expansão dos voos espaciais comerciais, a missão também tem o objetivo de arrecadar dinheiro para um hospital nos EUA que trata câncer e outras doenças pediátricas. Quem encabeça a iniciativa é Isaacman, que fez o mesmo em 2021, quando foi ao espaço no Inspiration4 – o primeiro voo espacial totalmente civil. Naquela ocasião, ele conseguiu arrecadar US$ 250 milhões para o hospital (cerca de R,4 bilhão).

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A caminhada espacial

A missão fará um experimento de caminhada espacial totalmente novo – e, pela primeira vez, com recursos totalmente privados também. A principal motivação é testar os novos trajes da SpaceX, que levaram dois anos e meio para serem projetados. Se pareceu muito, saiba que a Nasa está há mais de uma década trabalhando na remodelação dos trajes para atividades externas espaciais.

A empreitada está planejada para a manhã de quinta (12), e é completamente diferente das que são realizadas na Estação Espacial Internacional (ISS). A cápsula Crew Dragon será totalmente despressurizada. Dois astronautas, Gillis e Isaacman, sairão da nave por cerca de duas horas. Nesse período, a nave estará de porta aberta para a vastidão do universo.

Lá de dentro, os colegas estarão monitorando os “cordões umbilicais” e garantindo que tudo está em ordem. A exposição ao vácuo pode ter muitos efeitos no corpo, e o mais imediato deles é a descompressão. 

É o mesmo tipo de problema que impede os mergulhadores de voltarem do fundo do mar para a superfície muito rápido. Podem acontecer falhas na entrega de oxigênio no sangue, e órgãos internos podem estourar. Um dos piores cenários é a doença de descompressão: o nitrogênio é um gás que está dissolvido em nossa corrente sanguínea, e a rápida mudança de pressão faz com que ele se transforme em bolhas de ar dentro do sangue.

A tripulação já está sendo submetida a um processo de adaptação física que durará 45 horas, em que o oxigênio da cabine aumenta lentamente enquanto a pressão diminui. Assim, quando a escotilha se abrir, o choque da pressão não vai ser tão grande. É como a diferença de abrir uma latinha de refrigerante de uma vez ou fazer um furinho e deixar o ar ir saindo aos poucos.

Os experimentos

Durante toda a missão, os astronautas farão 36 experimentos em colaboração com 31 instituições, incluindo o programa de Pesquisa Humana da Nasa. Serão coletados dados de amostras de sangue, de pressão arterial, frequência cardíaca e temperatura dos tripulantes. Além disso, eles também farão ultrassons, ressonâncias magnéticas cerebrais e tentarão obter imagens de raios X sem uma máquina de raios X, só usando os fluxos naturais de radiação do espaço sideral.

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A cientista-chefe do programa Pesquisa Humana da Nasa, Jancy McPhee, enfatizou, em comunicado, a importância dessa missão: “Cada missão, seja a tripulação composta por astronautas comerciais ou da NASA, oferece uma oportunidade fundamental para expandir nosso conhecimento sobre como o voo espacial afeta a saúde humana. As informações coletadas pela Polaris Dawn nos darão ideias essenciais para ajudar a NASA a planejar viagens espaciais mais profundas para a Lua e Marte.”

A internet no espaço e a promessa de uma “mensagem especial”

Outra tarefa da Polaris Dawn é testar a Starlink, a provedora de internet de Elon Musk, no espaço.

“Você pode pensar que obter internet pode ser tão fácil quanto apertar o botão de ligar a internet, mas não é”, disse, em coletiva de imprensa, uma das tripulantes, Gillis. “Estamos falando de um laser que envia informações para um satélite Starlink que está se movendo em velocidade orbital até a Terra e depois volta. Portanto, tem sido um esforço de desenvolvimento incrível por parte da equipe da SpaceX.”

A engenheira acrescentou que tem “interesse específico nesse esforço de desenvolvimento” e que a equipe tem “uma mensagem especial que compartilharemos com o mundo usando essa tecnologia.” 

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