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Vão-se os anéis, ficam as luas

Saturno se virou de perfil para a Terra por três vezes em meados de 1995 e início de 1996. Os astrônomos aproveitam essas oportunidades ¿ que só ocorrem a cada quinze anos ¿ para vasculhar os arredores do planeta.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h37 - Publicado em 30 nov 1996, 22h00

Thereza Venturoli

O senhor dos anéis ficou de banda para a Terra. Foi em maio e agosto de 1995 e em fevereiro de 1996. Depois de analisada, a foto do fato foi divulgada, em comemoração aos seis anos de atividade do Telescópio Espacial Hubble. Os anéis aparecem de perfil porque a imagem foi obtida no momento em que a Terra estava alinhada exatamente com o plano equatorial de Saturno. Desse ângulo, eles ficam praticamente invisíveis. Fininhos demais para refletir a luz do Sol, não ofuscam a visão das regiões próximas do planeta.

Foi em alinhamentos desse tipo que se descobriram treze dos dezoito satélites de Saturno. Titã, o primeiro e o maior deles, foi identificado pelo holandês Christian Huygens (1629-1695), em 1655. Agora, o Hubble localizou duas novas luas e duas outras candidatas, com menos de 70 quilômetros de diâmetro.

O evento é mais raro do que parece. É que, para enxergar o planeta sem suas faixas luminosas, é preciso que o Sol esteja do outro lado da Terra. Isso só acontecerá em 2038. Nos demais alinhamentos, em 2009 e 2025, Saturno estará perto demais do Sol, oculto, portanto, pela claridade.

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Bambolê cósmico

Os anéis, sete faixas de minúsculos grãos de poeira e rocha recobertos de gelo, circundam o equador de Saturno, 7 000 quilômetros acima das nuvens da superfície. No total, eles têm 74 000 quilômetros de largura, mas não passam de 100 metros de espessura. Isso equivale, mais ou menos, ao comprimento de um campo

de futebol. De lado para a Terra e a 1,3 bilhão de quilômetros de distância de nós, são praticamente invisíveis. Repare na foto: o traço mais escuro sobre Saturno não são os anéis, mas a sombra deles.

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Eclipse em outro mundo

Se você estivesse aqui, neste ponto da superfície, estaria vendo um eclipse solar. Esta mancha é a sombra de Titã, o maior satélite de Saturno, que entrou na frente do Sol. O segundo maior satélite do sistema solar (o primeiro é Ganimedes, de Júpiter) tem um diâmetro de 5 150 quilômetros. É grande o suficiente para segurar uma atmosfera de metano, parecida com a da Terra de 3,9 bilhões de anos atrás. Em 2004, a sonda Huygens, da Nasa, deverá pousar em Titã para procurar indícios de vida (leia mais sobre a missão da Huygens em A reconquista do espaço, ano 10, número 2).

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A sombra de Dione

Quando Saturno começa a se inclinar de novo, as suas luas lançam longas sombras sobre os anéis. Na foto abaixo, você vê a pequena Dione, de 1 120 quilômetros de diâmetro, e seu rastro escuro, de 200 000 quilômetros de comprimento, sobre as partículas geladas. Em fotos como esta, batidas pelo Hubble, os astrônomos vêem sinais de que os anéis evaporam, confirmando as previsões teóricas. A luz solar e o constante bombardeio de partículas cósmicas derretem o gelo que envolve a poeira, formando uma tênue atmosfera. A taxa de evaporação é alta: 3 toneladas por segundo. Ainda assim, seriam necessários pelo menos mais 1 bilhão de anos para eles sumirem de vez.

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