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Woo-Suk Hwang prometeu ao mundo clones de embriões humanos. E era tudo mentira.

O farsante virou herói na Coreia do Sul e declarava ter produzido mais de 10 clones, com estudos chancelados pelas maiores revistas científicas do mundo.

Por Alberto Holtz
Atualizado em 3 abr 2018, 18h36 - Publicado em 31 jan 2006, 22h00

Raras vezes a ciência assistiu a uma carreira tão meteórica quanto a do sul-coreano Woo-Suk Hwang. Em 2004, esse veterinário da Universidade Nacional de Seul chocou o planeta ao anunciar a criação do primeiro clone de embrião humano. Um ano depois, declarava ter produzido mais 11 clones, dos quais extraiu 11 linhagens de células-tronco. Tudo isso em estudos chancelados por uma das maiores revistas científicas do mundo, a Science. Hwang virou herói na Coréia do Sul. Foi condecorado pelo presidente. Ganhou do governo 65 milhões de dólares para pesquisas. Teve selos com sua imagem. Viagens de graça em primeira classe na Korean Air por 10 anos.

O tombo veio na mesma medida. Seu colaborador americano, Gerald Schatten, denunciou erros éticos de Hwang: o coreano teria comprado óvulos de 16 mulheres e coagido jovens cientistas de seu laboratório a se submeterem ao procedimento de doação, doloroso e arriscado. A princípio, Hwang negou, mas depois admitiu parte da culpa. Então começaram a investigar seu trabalho de 2005. A revista Science e um painel de especialistas da universidade concluíram em dezembro que, das 11 linhagens que teriam sido criadas, só duas poderiam ser verdadeiras. As outras eram uma montagem fotográfica. O painel então foi fundo nas investigações e concluiu: não houve clone humano, nem célula-tronco embrionária. Hwang enganou a todos durante quase dois anos. A única pesquisa comprovada foi Snuppy, o primeiro clone de cão, que Hwang havia desenvolvido com Schatten, também em 2005. O resto foi cachorrada mesmo.

O cientista teve que renunciar a todos os seus cargos e regalias. Não pode sair do país e foi sendo investigado por mau uso de dinheiro público. Os avanços que anunciou continuam fora do alcance dos cientistas. Restou a Hwang só “oportunidades” obscuras: ele chegou a receber uma oferta dos raelianos, a seita que tempos atrás anunciou na cara-de-pau ter feito um bebê clonado.

Células milagrosas

O que Hwang alardeou ter feito – e qual é a verdade

1. Clonagem

O que disse: Hwang teria criado o primeiro clone humano. O método era extrair o núcleo de um óvulo e o substituir pelo de uma célula adulta de outra pessoa. E mais: seu processo evitava o desperdício de óvulos, que só são obtidos em um procedimento arriscado e doloroso.

O que fez: Cientistas concluíram que não houve clone. Tudo o que ele tinha eram embriões comuns.

2. Células-tronco

O que disse: O resultado da clonagem começaria a se dividir até chegar a um estágio de 100 células, o blastocisto. Ele seria então destruído para a extração de células-tronco. Com esse método, Hwang anunciou ter feito 11 linhagens de células-tronco embrionárias sob medida para curar 11 pacientes.

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O que fez: Duas das 11 linhagens eram de embriões comuns. As demais eram fotos feitas dessas duas.

3. Tecidos

O que disse: As células-tronco embrionárias podem se transformar em qualquer tipo de tecido e, no futuro, curar desde diabete a lesões de medula. Como elas eram clones do próprio paciente, não haveria risco de rejeição. Hwang disse tê-las utilizado para criar tecidos como retina e músculos.

O que fez: Os tecidos foram aparentemente derivados de células-tronco não clonadas.

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