Vida preservada pelas bactérias
Pesquisadores descobriram nas grutas de Movile, na Romênia, a 25 metros da superfície, um grupo de espécies animais que vivem isoladas do mundo exterior, quase sem oxigênio.
Nas grutas de Movile, no sudeste da Romênia, próximo ao Mar Negro, uma estranha comunidade subverte as leis que regem a vida na Terra. A 25 metros da superfície, sem luz e quase sem oxigênio, um grupo de espécies animais isolado do mundo exterior desde o fim da Era Terciária, entre 65 milhões e 2,5 milhões de anos, se mantém indiferente às mudanças ocorridas no planeta, e foi encontrado por cientistas que estudavam o solo da região. “A atmosfera da rede de cavernas é composta de hidrogênio sulfuroso, metano, nitrogênio, gás carbônico e pouquíssimo hidrogênio”, conta Françoise Athias-Binche, pesquisadora do Observatório Oceanológico de Nanyuls, na França, que trabalha em cooperação com os cientistas romenos. A vida em ambiente tão inóspito só foi possível graças às bactérias que decompõem o hidrogênio sulfuroso contido na água, fonte de nutrientes para os habitantes das grutas.
As tais bactérias alimentam fungos, que alimentam vermes, que alimentam insetos gigantes primitivos (sem asas, nem processos de metarmofose), que alimentam, enfim, aranhas, sanguessugas e outros pequenos invertebrados. Trata-se do único sistema biológico fechado que se conhece, com exceção das fontes hidrotérmicas das profundezas dos oceanos.