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Meninos devem ser circuncisados?

Pesquisador americano afirma que a circuncisão na infância pode causar danos psicológicos para a vida toda. E defende: as pessoas devem ter poder de escolha para decidir se querem ter um pedaço do corpo cortado

Por Ronald Goldman*
Atualizado em 19 dez 2017, 14h06 - Publicado em 19 nov 2012, 22h00

Quase um terço dos garotos nos EUA passa por uma cirurgia de circuncisão logo após o nascimento. Os defensores da prática alegam motivos culturais (caso dos EUA), tradição religiosa (muçulmanos e judeus) ou supostos benefícios médicos. Mas o que poucos sabem é que a circuncisão gera trauma em muitas crianças. E os danos psicológicos são fortes e duradouros.

Estudos mostram que alguns homens sentem raiva, vergonha, desconfiança e mágoa por terem sido circuncidados. Ansiedades sexuais, redução da expressão emocional, baixa autoestima e depressão também têm sido descritas. Não podemos estimar a proporção de homens circuncidados que sofrem esses impactos porque a maioria deles não tem consciência disso. Simplesmente aceitam as consequências como parte de sua personalidade.

Mas a realidade é bem diferente. A literatura médica possui evidências de que a circuncisão é muito dolorosa e traumática. Alguns bebês não choram porque entram em choque. E 87% deles exibem mudanças de comportamento logo depois, como alterações nos padrões de sono, no nível de atividade e na interação com a mãe. Também podem ficar mais irritados ou ter problemas para comer. Diferenças na resposta à dor foram demonstradas aos seis meses de idade em meninos circuncidados. Segundo os pesquisadores, elas representam efeitos neurológicos duradouros e são um sintoma de um trauma precoce.

O estudo de referência nessa área foi feito em 1987 pelos anestesistas Kanwaljeet Anand e Paul Hickey, do Hospital de Crianças de Boston, nos EUA. Eles observaram que recém-nascidos sentem mais dor que os adultos. E que mudanças de comportamento em bebês indicam que a experiência é lembrada. Como resultado da pesquisa, a Academia Americana de Pediatria recomendou anestesia para o procedimento pela primeira vez em 1999. Mas o efeito acaba antes que a dor do pós-operatório tenha ido embora. O problema, enfim, é que a maioria dos pesquisadores sobre circuncisão não quer saber dos danos dessa prática. Em geral, eles vêm de uma sociedade circuncidada – os EUA – que prefere ignorar o lado negativo. Além disso, médicos (circuncidados) costumam aconselhar a circuncisão mesmo quando estão disponíveis formas de tratamento menos invasivas para problemas penianos. A fimose, por exemplo, pode ser tratada com creme esteróide tópico. Esses médicos não sabem o valor do prepúcio, que é altamente sensível, porque não têm um. Assim, não imaginam de fato o que perderam.

Por isso, todos os homens deveriam poder escolher se querem ser circuncidados. Imagino que poucos decidiram por ela. Mas ainda assim seriam os responsáveis.

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Ok, faz séculos que muçulmanos e judeus circuncidam. Mas hoje muitos fazem isso por conformidade ou pressão social. Alguns críticos da circuncisão são relutantes em divulgar suas opiniões com medo de serem vistos como contrários à religião. Felizmente, é cada vez maior o número de muçulmanos e judeus que abrem mão do procedimento.

Em junho, um tribunal regional de Colônia, na Alemanha, tomou uma decisão corajosa: baniu a circuncisão ritual. O juiz considerou que a retirada do prepúcio gera dano corporal, mesmo com o consentimento dos pais. É claro que esse é um tema político sensível, e a resolução gerou protestos. Mas ela chamou a atenção para uma prática que continua a portas fechadas. A melhor forma de responder à circuncisão é divulgando informações e adotando uma política nacional contra ela, embora sem penalizar quem a pratique.

*Ronald Goldman é psicólogo, educador e diretor do Circumcision Resource Center em Boston, EUA.

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