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Hisashi Ouchi e o balde de urânio

Ele já havia feito o trabalho diversas vezes. Mas, naquele dia, estava mexendo com urânio muito mais enriquecido - e não atentou para isso.

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
7 Maio 2024, 16h00

AA Sumitomo é uma das empresas mais antigas do mundo: foi fundada em 1615, no Japão, pelo ex-monge budista Masatomo Sumitomo. Começou explorando cobre e se tornou um império, com negócios em diversas áreas.

Em 1979 um dos braços do grupo, a Sumitomo Metal Mining, fundou uma subsidiária chamada JCO: Japan Nuclear Fuel Conversion Company. Essa empresa preparava o urânio usado em reatores japoneses. Isso era feito na cidade de Tokai, a 300 km de Tóquio.

O trabalho consistia em misturar óxido de urânio (U3O8) com ácido nítrico num tanque de 100 litros. A mistura precisa ser feita devagar, controlando bem a quantidade de urânio. Mas, em 30 de setembro de 1999, os três encarregados cometeram um erro.

Eles colocaram 16 quilos de óxido de urânio no tanque. Isso já tinha sido feito antes, sem problemas. Mas com um urânio bem mais “fraco”, enriquecido a 5% (ou seja, que continha 5% de urânio-235, o isótopo cujos átomos podem ser quebrados).

Só que, naquele dia, os técnicos estavam mexendo com um urânio muito mais enriquecido, a 18,8%. Portanto, uma quantidade bem menor daquele combustível já seria suficiente para alcançar a chamada criticalidade, ou seja, o início de uma reação autossustentada de fissão nuclear (nela, cada átomo de urânio que é quebrado emite nêutrons, que quebram outros átomos, e por aí vai).

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Foi o que aconteceu. Assim que os três despejaram o urânio, a mistura entrou em criticalidade, e começou a emitir grandes quantidades de radiação. O problema durou aproximadamente 20 horas, e só cessou quando funcionários jogaram ácido bórico (um absorvedor de nêutrons) no tanque.

667 pessoas, entre bombeiros, funcionários e vizinhos da fábrica, foram expostas à radiação. O mais contaminado foi Hisashi Ouchi, de 35 anos, um dos três técnicos. Ele recebeu 17 sieverts de radiação, o equivalente a 170 mil exames de raio-X, de uma só vez.

Sofreu queimaduras internas e externas, e perdeu totalmente o sistema imunológico (seus glóbulos brancos foram dizimados pela radiação). Morreu 83 agonizantes dias depois.

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