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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Maquiagem de dados: não há mais notícia ruim, está tudo maravilhoso

Eis um título que o governo gostaria de ver depois de ter dado "um trato" nos dados da Covid. Saiba melhor o que há por trás do batom e do rímel.

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Atualizado em 7 jun 2020, 14h58 - Publicado em 7 jun 2020, 14h36

Se os fatos vão contra a sua visão de mundo, eliminem-se os fatos.

Se eu morrer de Covid neste domingo, em casa, não vou entrar para as estatísticas. O relatório com a causa da minha morte só vai sair lá pela terça. E agora o Ministério da Saúde não divulga mais as mortes que aconteceram em outras datas, e que só foram confirmadas como decorrência da Covid depois.

Essa é uma parte da maquiagem de dados que o governo decidiu orquestrar. A outra está no próprio site do Ministério da Saúde. O que vemos lá agora é isto aqui:

Não há mais a divulgação do total de casos. O que temos no lugar é o número diário de recuperados, com fundo verde, para ressaltar seu caráter positivo. Claro que o número de recuperados num dia sempre será maior que o de mortes – a taxa de letalidade da Covid, afinal, não é de 50%.

Para dar uma ideia do quão infantiloide é a nova página de estatísticas do governo federal, vale uma visita ao site do Ministério da Saúde da Inglaterra. Além de seguir dando os números totais de casos, eles apresentam dividindo por sexo e idade:

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E dão de forma clara a evolução diária de mortes:

Só para comparar: a Inglaterra tinha por volta de mil mortes por dia em abril. E só começou a sair da quarentena em maio, quando esse índice tinha caído em mais de 50%. Em abril, o Brasil tinha mais ou menos 300 mortes por dia. Agora estamos onde os britânicos estavam lá atrás (foram 1.473 na última quinta). E começamos a sair da quarentena – mesmo em Estados que fazem oposição ao governo federal. Uma situação que dispensa adjetivos.

Pior. O Ministério da Saúde pretende revisar (diminuir) o total de mortes atribuídas à Covid até agora. É orwelliano: temos um problema de subnotificação. Como o governo lida com isso? Trabalhando ativamente para aumentar a subnotificação.

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Alguns Estados já estavam firmes nessa labuta cosmética, como mostra o virologista Átila Iamarino no post abaixo: as capitais com mais mortes por Síndrome Respiratória Aguda (em relação às mortes por Covid) são justamente os que apresentam, oficialmente, menos mortes por Covid. Como Síndrome Respiratória Aguda é justamente o que o coronavírus causa, basta somar 2 + 2 para entender o tamanho da subnotificação:

 

Enquanto governantes maquiam fatos, governados seguem mostrando que estão à altura deles. É o caso dos jovens de classe média que se aproveitam do fato de não declararem imposto de renda para fraudar a Caixa e receber o auxílio emergencial – e depois gastar comprando jogo de PlayStation.

A pandemia mostra qual é a cara do país. Mas e daí? O dia está bonito, pô. Rola uma praia.

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