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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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O maior equívoco dos fãs do bitcoin  

Nem sempre uma moeda forte é sinal de uma economia saudável. Às vezes, é o contrário. Entenda.

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
22 jan 2018, 16h12

Um erro dos defensores do bitcoin é imaginar que as sociedades humanas precisam de uma nova “reserva de valor”. As moedas comuns seriam frágeis, pois inflacionam. Logo, precisamos de uma moeda de suprimento limitado, que jamais vai inflacionar. Uma moeda deflacionária.

Ter uma sociedade com amplas possibilidades de reserva de valor, porém, não significa ter uma sociedade mais desenvolvida. Geralmente é o contrário. Na Síria, um pacote de macarrão funciona como reserva de valor. Hoje você troca um pacote de macarrão por um dia de trabalho em Alepo. Amanhã, o mesmo pacote de macarrão pagará dois dias de trabalho. Idem na Venezuela, ou na Europa da Segunda Guerra.

O pacote de carboidrato não perecível faz perfeitamente o papel de moeda deflacionária nesses casos – como faz o ouro em tempos de paz. E não é esse tipo de moeda que faz uma sociedade sair de uma crise. Pelo contrário: quanto mais valor ela tem, pior. A própria Grande Depressão pode até ter nascido por conta do crash de 1929. Mas cresceu e se tornou um monstro só na década seguinte, e por conta do apreço ao sistema deflacionário da época – o padrão-ouro. Você só podia imprimir dólares se as notas pudessem ser trocadas por ouro. O governo poderia ter flexibilizado a regra, criando mais papel moeda para estimular o crédito, e conter o desemprego. Mas preferiram abraçar o padrão-ouro, produzindo menos dólares do que o país precisava para se manter respirando.  

Ou seja: o dólar foi ficando cada vez mais forte. Se tornou ele próprio uma moeda deflacionária. Mas todo o resto ruiu – empresas fecharam, bancos faliram, o desemprego estourou. Claro: moedas deflacionárias não estimulam a produção. Estimulam o entesouramento. E sem produção empobrecemos todos.

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Diante disso, defender a criação de uma nova moeda deflacionária me parece uma reação exagerada ao inflacionismo estatal, que os analfabetos econômicos tanto apreciam.

O controle do valor de uma moeda via metas inflacionárias e gerenciamento racional da dívida pública (os dois pilares que, junto ao câmbio livre entre moedas de países diferentes, formam o “tripé macroeconômico”) pode até não ser uma maravilha. Parafraseando Churchill, certamente é a pior forma de reger uma economia, à exceção de todas as outras formas que já testamos.

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