Os perigos da rusga entre Bolsonaro e a China
O conflito do candidato com o maior parceiro comercial do Brasil é uma ameaça à nossa economia.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Foi o crescimento dela que garantiu a bonança da era Lula, e que segue carregando nossa economia nas costas. Sem a China, a gente não anda de avião nem troca de carro.
Bolsonaro detesta a China. Diz que eles “não estão comprando no Brasil, estão comprando O Brasil”.
Neste ano,ele fez uma turnê pela Ásia e não pisou na China. Foi a Taiwan, país que os chineses não reconhecem – entendem o lugar como uma província rebelde. A embaixada da China comunicou por escrito que a atitude de Bolsonaro foi uma “afronta à soberania e à integridade territorial da China”.
Foi mais ou menos como ir para o lugar onde ficam Israel e a Palestina, e só pisar nos territórios palestinos.
Ou, em termos nacionais, como se Trump viesse ao Brasil, se encontrasse com Marcola, do PCC, parabenizando-o pela queda dos homicídios em São Paulo, e voltasse para casa.
Sem querer comparar Taiwan ao crime organizado (trata-se de um país legítimo – idem para a Palestina). Mas é dessa forma que os Chineses veem a ilha. Mesmo assim, Bolsonaro fez a provocação.
A posição de Bolsonaro em relação à China é chavista, retrógrada. Se produtores de soja, de minério de ferro, de petróleo tiverem seu comércio com a China tolhido, nossa economia desaba. E Bolsonaro já deixou claro que, nessa seara, não tem Paulo Guedes. Quem manda é ele. O problema é que nada na nossa economia é mais importante do que a manutenção de uma relação aberta com a China – como deveria ser com qualquer país, de acordo com a cartilha mais básica do liberalismo econômico.
O “mercado” gosta da ideia de termos um Pinochet no comando, um liberal linha-dura, que abra a economia na porrada. Beleza. Não estamos falando de moral aqui, nem de civilidade, mas de dinheiro. Só tem um problema: falta combinar com o Bolsonaro. Porque sob a pele liberal do sujeito não há exatamente um Pinochet. Há um Nicolás Maduro. Um Hugo Chávez.