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Alexandre Versignassi

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.

Sobre estrangeirismos inúteis

Emma Watson não falou que "O feminismo é sobre liberdade". Ela disse que o feminismo "diz respeito" a liberdade. Vamos falar português, pessoal.

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
6 mar 2017, 13h30 • Atualizado em 6 mar 2017, 23h34
  • Quando a Emma Watson falou “Feminism is about freedom”, ela não estava dizendo que “O feminismo é sobre liberdade”, como tem saído por aí. Ela disse que “O feminismo diz respeito a liberdade”.

    Não sou purista da língua. Sempre defendo que idioma nenhum está escrito em pedra. As línguas são fluidas. O próprio inglês moderno é um amálgama do germânico antigo com o latim da França medieval. Por volta do ano 1.000, antes de a língua normanda (o francês) ter se embrenhado na língua germânica (o saxão), o pai nosso que os britânicos rezavam era assim:

    Fæder ure þu þe eart on heofonum

    Si þin nama gehalgod

    To becume þin rice

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    Gewurþe ðin willa, on eorðan swa on heofonum.

    No século 16, época de Shakespeare, o saxão já estava irreconhecível. O Pai Nosso passou a ser registrado assim:

    Our Father, which art in heaven, Hallowed be thy Name. Thy Kingdom come. Thy will be done in earth, as it is in heaven.

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    Com o português, você sabe, não é diferente. Se a língua não abraçasse gírias e estrangeirismos ao longo do tempo, estaríamos hoje usando o português das cantigas de amigo (Vós me preguntades polo voss’amigo, e eu ben vos digo que é san’e vivo).

    Línguas evoluem. O que hoje é aberração, amanhã pode estar dicionarizado. Mas comunicação diz respeito a fazer-se entender pelo maior número possível de pessoas; e não é adaptando preguiçosamente do inglês expressões que mal fazem sentido na nossa língua que a gente alcança esse objetivo.

    O caso do “é sobre” nem é o pior, já que trata-se de uma expressão minimamente inteligível. O mais grotesco entre os estrangeirismos inúteis talvez seja o “eventualmente”. Em inglês, “eventually” significa “finalmente”. Tipo: “Eventually, I finished my thesis” (“Finalmente terminei meu TCC”). Trata-se de um falso cognato, como tantos outros. Mesmo assim, tem hoje quem escreva “Eventualmente, terminei meu TCC”, querendo dizer que “finalmente” acabou a trolha.

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    Imagino que a intenção de muita gente que comete essas criações gramaticais seja exibir a própria anglofonia. Ótimo. Exiba. Mas tente de outro jeito, porque essa de inventar um novo português não está dando certo.

     

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