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Por Bruno Garattoni
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
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A surpreendente origem do PlayStation

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 3 dez 2020, 11h45 - Publicado em 4 dez 2019, 16h27

O console, que nasceu em 1994, só existe por causa de uma manobra secreta da Nintendo – que traiu, e enfureceu, a Sony

Nesta semana, o PlayStation completa 26 anos. É um dos produtos mais bem-sucedidos e influentes de todos os tempos. Mas o que você talvez não saiba é que, pelo plano original, ele não deveria existir – pelo menos, não como um console de videogame.

Na década de 1980, a Sony ditava os rumos da indústria de tecnologia com o Walkman, o CD, o Discman, as TVs Trinitron, camcorders de 8 mm, etc. Era um império indestrutível, que ganhava oceanos de dinheiro e não via por que se meter no volátil mercado de games. Mas o engenheiro Ken Kutaragi decidiu embarcar num projeto secreto. Ele desenvolveu, sem contar a seus chefes na Sony, o chip de áudio SPC700 – que viria a se tornar o processador de som do Super Nintendo, console lançado em 1990.    

Foi o começo de um relacionamento entre as duas empresas, que logo estreitaram os laços num projeto mais ambicioso. A Nintendo pediu à Sony que desenvolvesse o SNES-CD, um leitor de CD-ROM para o Super Nintendo. Fazia sentido. Como co-inventora do Compact Disc, a Sony dominava o formato. E havia uma corrida para levar os consoles de 16 bits à era do CD-ROM (a Sega estava desenvolvendo seu produto do tipo, o Sega CD, para o Mega Drive/Genesis; e a NEC já tinha um console, o PC Engine, com leitor de CD).

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A Sony desenvolveu um protótipo, que combinava o hardware e os joysticks do Super NES com um leitor de CD, e se chamava “PlayStation”. Ele aceitava os cartuchos do SNES, e também jogos em CD – na verdade, era um CD levemente modificado, que foi batizado de “Super Disc”. Pelos termos do acordo, a Sony permanecia dona da tecnologia envolvida no Super Disc. Isso incomodou a Nintendo, que costumava controlar com mão de ferro o hardware e o software de suas plataformas (ela ficou famosa por, através do chip CIC, determinar quais games poderiam ou não ser lançados para o NES de 8 bits). 

(Paquitogio/Wikimedia Commons)

Em junho de 1991, durante a Consumer Electronics Show (a maior feira de tecnologia do mundo na época), a Sony revelou ao mundo o PlayStation, como ele era até então: só um Super Nintendo com leitor de CD. No dia seguinte, a Nintendo detonou uma bomba. Anunciou que estava rompendo com a Sony, e que iria se associar à Philips para desenvolver um leitor de CD-ROM para o Super NES. Descontente com o contrato que havia assinado com a Sony, a Nintendo vinha fazendo reuniões secretas com os holandeses da Philips (que haviam desenvolvido o Compact Disc junto com a Sony).  

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Isso reescreveu a história. Surpresa e enfurecida, a Sony decidiu entrar com tudo no mercado de games. Manteve o nome, mas projetou um console completamente novo – e revolucionário. O primeiro PlayStation, lançado em dezembro de 1994, levou os videogames domésticos para a era dos gráficos poligonais, 3D (isso até já havia sido tentado com o console 3DO, que foi lançado em 1993 e fracassou pois era fraco, caro e tinha poucos games). Potente, acessível e sustentado por uma enorme campanha de marketing, o PS1 foi um megasucesso: o primeiro console, na história, a ultrapassar a marca de 100 milhões de unidades vendidas. Ken Kutaragi se tornou presidente da Sony Computer Entertainment, o braço de games da empresa, cargo no qual ficou até 2011. Os games se tornaram o maior, e mais lucrativo, negócio da Sony

A Nintendo, por sua vez, tropeçou. O tal leitor de CD nunca saiu, o console “portátil” Virtual Boy foi um fiasco, e a empresa só se reequilibrou em 1996, com o lançamento do Nintendo 64 (com hardware desenvolvido pela Silicon Graphics, que dominava o mercado de workstations 3D). Fez sucesso, mas não a ponto de competir com o PlayStation e seus sucessores. Dali para a frente, a Nintendo acabou desistindo de disputar a supremacia tecnológica e apostou em consoles com mecânica de jogo diferente, como o Wii e o Switch – que ocupa o terceiro lugar no mercado, atrás de PS4 e Xbox One. 

Ao contrário de sua arquirival Sega (que abandonou o hardware e virou apenas uma editora de games), a Nintendo continua viva e bem, mas nunca recuperou a força hegemônica dos anos 80 e 90. Isso aconteceu por vários fatores, claro. A começar por um: ter traído a Sony.   

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