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Descoberto fóssil de Homo sapiens mais antigo fora da África

Fóssil israelense de 194 mil anos mostra que o ser humano saiu da África bem antes do que se pensava – e ia passear fora de seu berço com alguma frequência

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 jan 2018, 15h11 - Publicado em 29 jan 2018, 15h10

Na ciência, tudo só está certo até que se prove o contrário. E o cientista é pago justamente para provar o contrário. Quando esse cara de jaleco, ao observar o mundo, tem um ideia capaz de explicá-lo, sua primeira providência é ir ao laboratório e submeter sua ideia a teste rigorosos. Se ela sobrevive ao escrutínio, várias e várias vezes, inclusive por outros cientistas, ela pode ser promovida a hipótese e então a teoria – isto é, ser aceita como a melhor explicação disponível para um determinado fenômeno. Foi o que Mendel fez com ervilhas que fundaram a genética, é o que os cientistas do LIGO fazem até hoje com as ondas gravitacionais previstas por Einstein.

O legal das hipóteses e teorias é que, ao contrário dos dogmas religiosos, elas estão completamente abertos à discussão – basta você entrar na briga munido de evidências e argumentos muito bons. Um exemplo de hipótese constantemente revisada é o caso da origem do homem. O consenso, hoje, diz que o Homo sapiens moderno surgiu há algo entre 300 mil e 200 mil anos no leste da África, onde hoje fica a Etiópia. Há 115 mil anos, uma onda migratória pioneira teria saído pela atual Arábia Saudita e partido para conquistar o mundo. Há uns 60 mil anos, eles chegaram à Austrália. Há 15 mil, à América.

Bem antes disso, um de nossos antecessores, o Homo erectus, já havia dado seu rolês ousados. Há 1,8 milhão de anos ele já havia se espalhado por toda a Eurásia – dando origem, inclusive, aos Neandertais em que os Homo sapiens tropeçariam depois, quando chegaram à Europa.

Um artigo publicado na Science na semana passada desafia justamente essa versão da história. Ele anuncia a descoberta de um fóssil de Homo sapiens com algo entre 177 mil e 194 mil anos em Israel – o fragmento de ser humano mais antigo já encontrado fora da África. Para ter chegado no Oriente Médio assim tão rápido, esse primata cabeçudo precisaria ter aparecido na Etiópia um pouco antes do que era tido como consenso até então.

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Esse novo artigo tem a virtude de casar bem com uma das principais descobertas de 2017: um grupo de Homo sapiens de 300 mil anos em Marrocos, na outra ponta da África – mais uma evidência de que o ser humano não só é mais velho do que parece como saiu do seu canto no leste africano do continente bem mais cedo do que se pensava. Essas duas peças, juntas, podem mudar o quebra-cabeça das migrações humanas.

O mais recente sapiens israelense tem dentes um pouco maiores que os nossos, mas sua mandíbula já é definitivamente humana. É sempre bom lembrar que a seleção natural ocorre passo a passo – o homem contemporâneo, como todo animal, surgiu após muitos estágios intermediários, e evolui até hoje. Ferramentas de pedra sofisticadas encontradas no sítio arqueológico confirmam seu parentesco direto conosco.

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Para o arqueólogo Israel Hershkovitz, da Universidade de Tel Aviv, o fóssil prova que as primeiras migrações do ser humano para além de seu berço não foram saídas organizadas e bem delineadas, e sim incursões frequentes, curtas e descompromissadas. “Eu não acho que houve um grande êxodo”, afirmou ao The Guardian. “Acho que por centenas de milhares de anos o ser humano saiu e voltou à África o tempo todo.”

Essa visão se apoia não só nas novidades no registro fóssil como na geologia. Tudo indica que a Península Arábica, longe de ter passado toda a carreira como um árido deserto, já foi um local de clima mais ameno e vegetação exuberante, que teria parecido convidativo para um macaco mais esperto que a média.

Seja como for, esse novo velho israelense – batizado de Misliya – não é seu avô. Análises genéticas revelam que todo ser humano não-africano vivo hoje deve sua existência a um único bando, que deu o fora do continente há 60 mil anos. Foram seus filhos que prosperaram, e seres humanos nascidos oriundos de êxodos mais antigos chegaram, eventualmente, ao fim da linha genealógica. Sua família pode ser grande – de fato, é do tamanho do mundo. Mas lá atrás, lá atrás mesmo, existe uma Eva que une quase todos nós. 

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