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Alexandre Versignassi

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Agora chupa que a cana é doce, Inglaterra

A Inglaterra vai provar do próprio veneno. Mais de 60% dos escoceses votaram para continuar na União Europeia. De todas as regiões do Reino Unido, a Escócia foi a que mais rejeitou o Brexit – seguida pela região metropolitana de Londres e pela Irlanda do Norte. Para os londrinos, não há mais o que fazer. […]

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Atualizado em 4 set 2024, 11h24 - Publicado em 24 jun 2016, 14h48

bandeira

A Inglaterra vai provar do próprio veneno. Mais de 60% dos escoceses votaram para continuar na União Europeia. De todas as regiões do Reino Unido, a Escócia foi a que mais rejeitou o Brexit – seguida pela região metropolitana de Londres e pela Irlanda do Norte.

Para os londrinos, não há mais o que fazer. O interior da Inglaterra, bem mais xenófobo e retrógrado que a capital britânica, decidiu por eles. E agora não tem mais volta.

Mas na Escócia a história é outra. Eles quase se separaram do Reino Unido em 2014. Só que ninguém tinha como cravar qual seria o futuro de uma Escócia independente dentro da União Europeia. Os separatistas escoceses queriam seu país na UE, mas o que restasse do Reino Unido talvez vetasse a entrada da Escócia, como retaliação contra a rebeldia do pessoal das gaitas de fole.

Agora é diferente. A Escócia acaba de deixar a União Europeia. Contra a vontade. E por decisão de um povo que eles entendem como inimigo histórico, não como compatriota.

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Por essas, a própria Primeira Ministra da Escócia já avisou que deve haver outro plebiscito até 2018 (que é quando a saída do Reino Unido da UE será ratificada de vez). Nisso, o mais provável é que, sim, a Escócia dê uma bundada na Inglaterra e anuncie do divórcio com o Reino Unido, caindo nos braços da União Europeia.

A bandeira do Reino Unido, então, deve perder seu fundo azul, que representa a Escócia. E a União Europeia ganhará um novo membro, cheio de petróleo, gás natural, e um PIB per capita maior que o da Bélgica, da França, do Japão e do próprio Reino Unido.

Num segundo momento, os ventos separatistas podem soprar na Irlanda do Norte também, que empresta as listras diagonais fininhas de sua bandeira para a do Reino Unido. Hoje, o governo de lá é pró-Inglaterra. Já a oposição, muito pelo contrário. E a população, que é quem conta de fato, queria ter ficado na UE – esse foi o voto de 56% dos norte-irlandeses.

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Uma eventual saída deles deixaria o Reino Unido com apenas dois membros: Inglaterra e País de Gales. Ou seja: não existiria mais Reino Unido. Até porque o País de Gales, onde a maioria decidiu por sair da UE, há tempos se contenta em ser só um time de futebol – um time ajeitado, pelo menos: o melhor jogador do Reino Unido, Gareth Bale, é de Cardiff, a capital galesa. Bale, que joga no Real Madrid, foi assediado pela Inglaterra, que queria o rapaz no English Team. Ele recusou: “Se eu aceitasse jogar com os ingleses, nunca mais me deixariam pisar em Cardiff”.

Legal, Bale. Só pena que agora essa xenofobia que vocês adoram cultivar até entre vocês mesmos deixou de ser só uma brincadeira de torcida. A partir de hoje, ela passa a tornar o mundo um lugar pior.

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