PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

A Antártida já perde 6 vezes mais gelo do que em 1979

Um novo estudo sugere que a região leste do continente é mais vulnerável do que se pensava — o que pode agravar o aumento do nível do mar neste século.

Por André Jorge de Oliveira
Atualizado em 15 jan 2019, 16h07 - Publicado em 15 jan 2019, 16h05

Para a maioria das pessoas, a Antártida é tida quase como um território alienígena na Terra. Muitos a imaginam como um gigantesco bloco de gelo uniforme no extremo sul do planeta, e os mais desavisados podem até pensar que as congelantes temperaturas polares vão minimizar os efeitos do aquecimento global no ecossistema antártico. Mas o continente gelado parece estar ainda mais suscetível às mudanças climáticas do que os cientistas esperavam — e isso pode trazer consequências graves no mundo todo.

De acordo com uma nova pesquisa publicada nesta segunda (14) no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, o gelo da porção leste da Antártida também estaria derretendo em um ritmo acelerado. Até então, cientistas climáticos e glaciólogos acreditavam que, ao menos por enquanto, a região estivesse protegida dessa preocupante taxa de derretimento, e que apenas a parte ocidental concentrasse o problema. Isso porque a base dessas geleiras ficam abaixo do nível do mar, onde profundas correntes de água quente estão “escavando” o gelo e comprometendo a estrutura interna.

Mas alguns cientistas temem que, mesmo sem a base submersa, a proteção das geleiras orientais estejam com os dias contados. Mudanças no clima estão alterando as correntes de vento na Antártida, e se torna mais concreta a possibilidade de que essas águas mais aquecidas circundem o continente — e invadam também o lado leste. “Se o artigo estiver certo, muda totalmente as regras do jogo para o aumento do nível do mar neste século”, disse à Science o cientista climático Michael Oppenheimer, da Universidade de Princeton.

Calcula-se que o derretimento do gelo na Antártida já tenha provocado um aumento de pelo menos 13,8 milímetros no nível do mar ao longo das últimas quatro décadas. E se as geleiras orientais passarem a derreter tão depressa quanto as vizinhas ocidentais, a situação pode escalar e rapidamente sair do controle, já que elas contêm dez vezes mais gelo que as do oeste. O estudo revelou que o continente antártico como um todo perde hoje seis vezes mais gelo para o mar do que perdia em 1979.

A técnica utilizada consistiu substancialmente de uma análise minuciosa de 40 anos de imagens de satélite. Os pesquisadores utilizaram modelos para estimar a quantidade anual de neve que se acumulou nas geleiras, e então calcularam quanto de gelo escapava para o mar a cada ano, através de um monitoramento visual da velocidade dos pedaços que boiavam. Subtraindo o gelo adicionado do gelo perdido, foi possível descobrir quanto exatamente se ganhou ou se perdeu de gelo a cada ano, entre 1979 e 2017.

Continua após a publicidade

Conforme a temperatura sobe no resto do planeta, espera-se que as diferenças de pressão atmosférica intensifiquem ainda mais os ventos polares, agravando o quadro de intrusão das águas quentes no leste. Ainda haverá debate entre os especialistas sobre o método utilizado que, ao contrário de estudos anteriores, envolve sobretudo imagens de satélite. Mas todos concordam que a pesquisa chama atenção para a necessidade de monitorar melhor essa porção até então pouco estudada do continente — para o nosso próprio bem.

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.