Amazônia registra pior nível de desmatamento dos últimos 15 anos
De acordo com dados divulgados pelo Inpe, mais de 13 mil km² da floresta foram derrubados entre 2020 e 2021 – a maior área perdida desde 2006.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou na última semana a taxa de desmatamento registrada na Amazônia entre 1 de agosto de 2020 e 31 de julho de 2021. Os números chamam a atenção: 13.235 quilômetros quadrados de floresta desapareceram. A última vez em que o bioma foi tão afetado foi em 2006, quando as medições apontaram 14.286 quilômetros quadrados de área desmatada.
Os dados foram obtidos pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que gera relatórios anuais sobre as taxas de desmatamento da Amazônia Brasileira. É possível notar ainda um aumento de 22% nas taxas em comparação ao período anterior, de agosto de 2019 até julho de 2020, em que foram perdidos 10.851 quilômetros quadrados de floresta.
A Amazônia Legal compreende nove estados brasileiros – Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. O mais afetado deles é o Pará, que só neste último período teve 5.257 quilômetros quadrados de área desmatada. No entanto, sua variação percentual foi de 7,31%, a menor quando comparada aos outros estados. O desmatamento no Amazonas, por exemplo, mais que dobrou, pulando de 1.512 para 2.347 quilômetros quadrados de área perdida entre os relatórios de 2020 e 2021.
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP-26) em Glasgow, o Brasil assinou um acordo se comprometendo a acabar com o desmatamento até 2030. Mas os números mostram que estamos em um caminho contrário. Desde 2019, a Amazônia perdeu cerca de 10 mil quilômetros quadrados de floresta por ano. Na década anterior, o número ficou na média de 6,5 mil quilômetros quadrados por ano.
O Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial e ambientalistas acusam o atual governo de ter omitido o relatório durante a Cop-26. Em nota, a associação explicou que o resultado do PRODES é sempre aguardado com interesse pelos governos, cientistas e pela sociedade civil, mas que os números do Brasil não foram mencionados no evento. Autoridades informaram a jornalistas que o PRODES ainda não havia finalizado o relatório – porém o documento divulgado pelo Inpe é datado de 27 de outubro, data anterior à Conferência.
A União Europeia também está pressionando o governo brasileiro. O bloco propôs restringir as importações de commodities agrícolas associadas ao desmatamento e à degradação florestal.