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Apollo 17: a última vez em que pisamos na Lua

A missão derradeira levou o primeiro cientista, e bateu uma série de recordes lunares.

Por Salvador Nogueira
Atualizado em 19 dez 2022, 06h39 - Publicado em 19 jul 2019, 15h31

Ficha técnica da missão Apollo 17

Embora a Nasa estivesse treinando cientistas como astronautas havia algum tempo, nenhum deles tinha sido escalado para ir à Lua. Havia pressão para que essa chance não fosse perdida e, então, na Apollo 17, a agência decidiu incluir o geólogo Harrison “Jack” Schmitt – primeiro e único pesquisador até hoje a visitar nosso satélite natural.

O comandante escolhido para se tornar o último homem a pisar na Lua no século 20 foi Eugene A. Cernan, que fez o “quase pouso” da Apollo 10. Para ele, a segunda viagem lunar, desta vez para descer à superfície, seria ainda mais especial. “Esse foi o voo mais longo, o primeiro e único lançamento noturno, e teve uma série de desafios diferentes”, disse, durante visita ao Brasil, em 2010.

Completando o time, Ronald Evans faria seu único voo espacial, como piloto do módulo de comando America.

A decolagem noturna era necessária para que a tripulação chegasse na hora certa – com o nível de incidência solar mais adequado – ao vale Taurus-Littrow, destino da última expedição Apollo. A partida se deu em 7 de dezembro de 1972, e o pouso do módulo lunar Challenger em seu destino na superfície aconteceu em 11 de dezembro.

Mapa da Lua com os seis locais de pouso das missões Apollo (11, 12, 14, 15, 16 e 17)
Os seis locais de pouso das missões Apollo. (NASA/Divulgação)

Diversos recordes foram estabelecidos – maior estadia na Lua (75 horas) e maior tempo de caminhadas lunares (22 horas e 3 minutos), distribuído em três sessões. Também foi a maior distância percorrida até hoje por um jipe tripulado em outro corpo celeste – 35,7 km. Por fim, a maior coleta de amostras de todo o projeto Apollo – 110,5 kg. Além de tudo isso, a missão foi vibrante.

“A Apollo 17 foi acusada de ter sido a missão em que nós mais nos divertimos na Lua”, contou Cernan. “Nós dissemos e fizemos muitas coisas, todos os experimentos, mas nos divertimos também. E trouxemos muitos resultados de geologia. Mas eu disse aos meus dois colegas: ‘Vocês só vão vir para esses lados uma vez. Portanto, aproveitem. Apreciem o momento. Não se preocupem com a questão de se vocês vão ou não voltar para casa. Muitas pessoas dizem: você pousa na Lua, você se fecha, e a única preocupação que você tem é se vai voltar para casa. O negócio é deixar para pensar nisso durante a viagem de volta. Quando você está na Lua, você tem de aproveitar o momento. Na hora em que tivermos de iniciar o retorno, esse é o instante certo para fazer uma pequena oração. Não antes, OK? Então aproveitem.’ E foi o que fizemos.”

No primeiro dia, eles ainda tiveram um problema: uma das pás que protegiam as rodas do LRV (o jipe lunar) se quebrou. Um reparo de improviso foi feito, e o veículo funcionou todo o tempo com esse remendo.

Imagem da Lua. panorama no vale Taurus-Littow. Harrison Schimidt figura entre o jipe e o módulo.
O panorama no vale Taurus-Littow. Harrison Schimidt figura entre o jipe e o módulo. (NASA/Divulgação)

Concluída a terceira caminhada, qual foi a sensação? “Ah, eu fiquei desapontado. Nós gostaríamos de ter ficado mais tempo”, admitiu Cernan. “As coisas estavam indo bem, mas algumas vezes é quando as coisas estão bem que é hora de partir. Sabe, não tínhamos eletricidade suficiente, não tínhamos oxigênio suficiente… talvez tivéssemos para ficar mais um dia, mas o plano era 72 horas, e funcionou bem. Você não pode discutir com o sucesso. E a coisa não termina quando partimos. Ao sair da superfície, você precisa chegar à órbita lunar. E se você tem um incêndio antes? E quando você se encontra com a nave-mãe em órbita lunar, ainda precisa sair de lá e pegar o caminho de casa. A satisfação vem quando você parte de volta para casa, ajusta o curso para reentrar na atmosfera.

A partir daí, não há muito mais que você possa fazer, além de esperar. Aí é que vem uma sensação de gratificação, de satisfação. Eu tinha a responsabilidade, como comandante, de ter sucesso, voltar para casa vivo, e fizemos tudo isso. Tive imenso orgulho e satisfação pelo que conseguimos fazer.”

Fotografia da Terra tirada na missão
Foram os tripulantes da Apollo 17 os responsáveis pela “Blue Marble”, a famosa fotografia da Terra, tirada a 45 mil quilômetros de distância. (NASA/Apollo/Wikimedia Commons)

Com o fim da Apollo 17, as primeiras viagens à Lua virariam história, em meio a um clima de contenção de gastos, redução de riscos e desinteresse público.

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