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Aranhas realizam ataques coordenados para capturar presas

Estudo mostrou que insetos da espécie Anelosimus eximius coordenam os movimentos a partir de vibrações em suas teias. Entenda.

Por Luisa Costa
Atualizado em 8 mar 2022, 18h18 - Publicado em 8 mar 2022, 18h18

A maioria das aranhas tem uma vida solitária. Apenas vinte das cerca de 50 mil espécies conhecidas vivem em colônias e adotam comportamentos baseados na cooperação – desde dividir teias até cuidar de filhotes uns dos outros. Há, porém, uma atividade ainda mais rara entre os aracnídeos: a caça em bando.

É o caso da espécie Anelosimus eximius – pequenas aranhas vermelhas, nativas da América Central e do Sul. Elas vivem em colônias de até milhares de indivíduos e trabalham juntas para construir teias gigantes que se estendem por vários metros. 

Quando um inseto (como uma mariposa ou um gafanhoto) fica enroscado na teia, a colônia começa um ataque sincronizado: as aranhas movem-se em direção à presa, ao mesmo tempo, parando a corrida algumas vezes para garantir que todas cheguem juntas ao destino. (Você pode observar o comportamento neste vídeo.)

Assim, as aranhas são capazes de capturar presas que são até 700 vezes mais pesadas do que elas mesmas – uma refeição melhor do que a que poderia ser obtida em um ataque solo. Mas ainda não estava claro como os indivíduos da espécie combinam seus movimentos.

Para entender o comportamento de caça, uma equipe de cientistas liderada por Raphaël Jeanson, da Universidade de Toulouse (França), estudou duas pequenas colônias de Anelosimus eximius na Guiana Francesa – com uma média de 25 aranhas.

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Teias de aranhas Anelosimus eximius em árvore.
Aranhas sociais da espécie “Anelosimus eximius” constroem teias que se estendem por vários metros. (Raphaël Jeanson/CNRS/Divulgação)

Parte do trabalho foi observar os movimentos dos animais. Para isso, os cientistas atraíram as aranhas colocando uma isca em suas teias – uma mosca morta presa a um pequeno motor. A partir dele, a equipe podia controlar o padrão e a intensidade de vibração da isca na teia, simulando os movimentos de uma presa.

Depois de fazer os experimentos e gravar o comportamento das aranhas, os cientistas recorreram a simulações feitas em computador – que puderam criar mais cenários de caça do que aqueles capturados só pela observação.

Os resultados do estudo, publicados no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), mostraram que as aranhas coordenam seus movimentos de ataque a partir das vibrações que elas mesmas causam na teia – não só das vibrações causadas pela presa.

À medida que as aranhas sentem a vibração causada por um inseto que se enroscou na teia, elas começam a correr em sua direção. Mas, como os passos delas também causam vibrações, gera-se um ruído que pode atrapalhar na detecção da presa. Por isso, elas fazem pausas.

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Jeanson compara o comportamento com uma situação que nós conhecemos bem: quando há muitas pessoas conversando em uma sala, e um telefone começa a tocar. Para encontrar a fonte do barulho, todos precisam fazer silêncio. Algo semelhante acontece entre as aranhas, que precisam parar de correr (e balançar a teia) para localizar a presa.

E, dependendo de seu tamanho, a presa cria vibrações diferentes na teia. Um inseto maior, por exemplo, faz a teia vibrar com mais intensidade. Nesse caso, as aranhas precisam fazer menos pausas, pois o ruído de seus passos não atrapalha tanto o ataque.

Elas param e retomam a corrida à presa simultaneamente, e não há um indivíduo líder que coordene os movimentos: como um efeito bola de neve, quando uma aranha se move, as outras se movem junto.

Esse ataque coordenado pode levar um tempo, mas, segundo as descobertas dos cientistas, aumenta a capacidade das aranhas de detectar presas e otimiza seu desempenho de caça.

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