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As maiores luas de Urano podem ter oceanos subterrâneos, indica estudo

O calor radioativo das luas Titânia e Oberon pode ser suficiente para manter oceanos líquidos profundos. Eles poderão ser detectados por missões futuras aos arredores do planeta.

Por Luisa Costa
Atualizado em 4 ago 2022, 15h55 - Publicado em 17 nov 2021, 19h14

As duas maiores luas de Urano, Titânia e Oberon, são tão geladas quanto o planeta que orbitam – com temperaturas na casa dos -200°C. Mas elas podem esconder oceanos líquidos abaixo da camada superficial de gelo, segundo um novo estudo publicado no periódico especializado Icarus.

Urano possui mais de 20 satélites naturais. Luas menores, que orbitam mais perto do planeta, obtêm a maior parte de seu calor interno a partir de um fenômeno conhecido como aquecimento de maré – em que o campo gravitacional de um planeta causa deformações e gera atrito no interior de seu satélite, produzindo calor.

Estudos anteriores já sugeriram que algumas dessas luas podem ter oceanos subterrâneos, mantidos líquidos por conta desse calor. Só que quanto mais longe do planeta, menos calor um satélite pode obter a partir desse fenômeno. 

Alguns cientistas, entre eles Carver Bierson e Francis Nimmo, autores do novo estudo, acreditam que essa fonte de calor interno não seria quente o suficiente para manter oceanos abaixo da superfície congelada de luas maiores e mais distantes de Urano – como Titânia e Oberon. 

Então, os pesquisadores resolveram ignorar o aquecimento de maré e investigar uma segunda fonte de calor interno para satélites gelados: o chamado decaimento radioativo. Eles calcularam que os dois satélites poderiam ter oceanos subterrâneos mantidos líquidos pelo calor da decomposição de elementos radioativos em seus núcleos.

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Mas isso também depende do quão porosas são as camadas superficiais das luas (chamadas “cascas de gelo” pelos cientistas). Camadas menos porosas deixariam que o calor interno escapasse fácil para o espaço, por exemplo. Outra variável é a presença de amônia nesses supostos oceanos, que reduziria a temperatura de derretimento da água por ali.

Para os pesquisadores, a probabilidade de que existam oceanos subterrâneos nessas luas geladas é grande. “Não seria nada surpreendente”, afirmou Nimmo à New Scientist

Urano é o sétimo planeta do Sistema Solar e possui 27 satélites naturais conhecidos – cujos nomes fazem referência a personagens dos escritores William Shakespeare (como Titânia e Oberon, da obra do século 16 “Sonho de uma noite de verão”) e Alexander Pope.

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Até agora, o planeta só foi visitado brevemente pela espaçonave Voyager 2, da Nasa, em 1986. Ela cumpriu uma grande viagem de descoberta aproximando-se também de Júpiter, Saturno e Netuno. Na época, a missão fez observações (e trouxe imagens) importantes sobre o planeta e seus satélites – mas, é claro, ainda há muito a ser investigado.

Cientistas aguardam ansiosos por missões que retornem a Urano – e algumas já foram propostas para serem lançadas na próxima década. Elas poderão detectar a existência (ou ausência) destes oceanos, por exemplo, a partir da forma como eles interagiriam com o campo magnético do planeta.

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