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Axolote: cientistas descobrem como animal regenera seu corpo

Esses animais fofinhos conseguem recompor até o cérebro – tudo com a ajuda de um derivado da vitamina A.

Por Manuela Mourão
Atualizado em 11 jun 2025, 08h36 - Publicado em 10 jun 2025, 10h00

Salamandras mexicanas de aparência única, os axolotes são bichinhos curiosos. Eles dominaram o coração do mundo todo ao aparecer no jogo Minecraft. São ícones de aquários e temas de pelúcias e outros brinquedos. Tornaram-se símbolos da preservação ambiental (há pouquíssimos exemplares soltos na natureza) e, como você verá agora, da ciência regenerativa.

Um novo estudo publicado na revista Nature Communications buscou compreender os segredos celulares por trás de uma habilidade extraordinária dos axolotes: a regeneração de membros inteiros.

O superpoder funciona mais ou menos assim: se um predador morde um pedaço do corpo do bichano (ou se um acidente cria alguma deficiência), basta ficar escondidinho por um tempo, esperando a parte do organismo crescer do zero. E eles não regeneram só membros perdidos, mas também partes do coração, pulmões e até mesmo do cérebro.

Liderada pelo biólogo James Monaghan, da Universidade Northeastern (EUA), uma equipe de pesquisadores usou axolotes geneticamente modificados para brilhar sob a luz do retinoato de sódio — uma forma ativa do ácido retinóico, derivado da vitamina A. O plano era rastrear, em tempo real, como esse composto químico guia as células para que elas “saibam” exatamente qual parte do corpo precisam reconstruir.

“Essa espécie é especial”, disse Monaghan para o jornal The Washington Post. “Eles realmente se tornaram campeões de habilidades extremas que os animais podem ter.”

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A grande questão, porém, é: como as células sabem o que precisa crescer de volta? Um membro amputado no ombro, por exemplo, precisa gerar um braço inteiro; já no antebraço, apenas a parte restante. É aí que entra o ácido retinoico. Ele funciona como um “GPS biológico”, segundo os pesquisadores.

No experimento, os axolotes foram anestesiados e submetidos a amputações cuidadosamente controladas. Alguns receberam uma droga que bloqueia a enzima responsável por degradar o ácido retinóico, a CYP26B1. O resultado mostrou que os animais regeneraram membros de forma errada — um braço superior surgiu no lugar de um antebraço, por exemplo. Já o grupo controle, sem o bloqueio da enzima, reconstruiu os membros corretamente.

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“É como se a concentração do ácido dissesse à célula onde ela está no corpo”, explica Monaghan para o jornal americano. “Quanto mais ácido, mais próximo do centro. Menos ácido, mais distante.”

Esse mapeamento químico ativa genes específicos, como o Shox, que são fundamentais para o desenvolvimento dos ossos longos em braços e pernas — tanto na formação embrionária quanto na regeneração. Segundo os cientistas, todos os humanos já utilizaram esses mesmos genes para formar seus membros no útero. A diferença é que axolotes conseguem reativá-los na vida adulta.

Prayag Murawala, professor na MDI Biological Laboratory, que colaborou com a produção dos axolotes modificados, reforça a importância do achado. “Ainda estamos longe de regenerar membros humanos, mas este estudo é um passo nessa direção”, afirmou para o Post. “Entender como os circuitos reguladores de genes funcionam é essencial para reproduzir isso em humanos.”

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Monaghan é otimista. Com as ferramentas de edição genética cada vez mais precisas, ele vislumbra um futuro em que cicatrizes possam ser substituídas por crescimento real de tecidos.

“Agora temos o projeto e os genes para fazer crescer um membro”, diz o autor do estudo para a National Geographic. “Eu poderia imaginar, com certeza, daqui a décadas, um curativo em uma ferida capaz de programar as células que normalmente formariam uma cicatriz para ativar o programa de regeneração apropriado.”

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