Bactéria da acne produz antibiótico que afasta micróbios
Estratégia usada pela Cutibacterium acnes pode inspirar tratamentos para problemas de pele.
Micróbios precisam contornar uma série de obstáculos para se espalhar pelo organismo. A ação do sistema imune e o uso de antibióticos, às vezes, são apenas parte do problema. Dependendo da região do corpo que infectam, bactérias têm de concorrer, também, com outros micróbios que já vivem no local. E essa relação nem sempre é harmônica.
É o que acontece na pele humana, segundo revelou um novo estudo, feito por cientistas do Instituto de Pesquisa Lerner, do hospital americano Cleveland Clinic.
Eles descobriram que bactérias da acne (Cutibacterium acnes) possuem um mecanismo curioso para dificultar a vida de micróbios recém-chegados. Para afastar a competição, as C. acnes produzem, elas próprias, um tipo de antibiótico.
A substância tem o nome de cutimicina e, segundo testes, consegue inibir o crescimento de populações de Staphylococcus, bactérias que se abrigam nos folículos capilares humanos. Ou seja: para evitar a concorrência de outros micróbios, as bactérias da acne jogam a favor do hospedeiro.
Para a equipe, entender as relações entre os micróbios que vivem em nossa pele – e, principalmente, as moléculas que eles produzem – pode inspirar novos tratamentos para problemas como dermatite e a própria acne, por exemplo. As C. acnes que se cuidem.