Breve em sua casa: o menor porco do mundo, geneticamente modificado
Raça criada por cientistas chineses para uso em laboratório está à venda
Eles roubaram a cena no Encontro Internacional de Líderes de Biotecnologia, em Shenzhen, China. Num estande que estava mais para feira de animais que convenção científica, todo mundo parou para ver e pegar os porquinhos geneticamente modificados, criados pelos cientistas do Beijing Genomics Institute (Instituto Genômico de Pequim, BGI). Quem se encantasse podia encomendar um deles por 10 mil yuan (6298 reais em 30/09/2015).
As criaturinhas descendem da raça Bama, que já são vendidos como bichos de estimação. Mas também são usados em laboratórios. Porcos são onívoros grandes, como a gente, e geneticamente mais próximos de nós que ratos ou cães. Daí serem um bom modelo para estudar, entre outras coisas, o sistema digestivo. A ideia era criar cobaias mais compactas, que exigem menos ração e são mais fáceis de manusear. E, de fato, foram assim que os outros ditos “microporcos” surgiram, para serem usados em laboratório. Mas através de seleção tradicional, simplesmente cruzar os baixinhos com as baixinhas.
Em nome da humanidade, cientistas são obrigados a cometer crueldades com cobaias, mas também têm coração. Os bichos se saíram tão adoráveis que decidiram dar a (alguns deles) um futuro melhor como bicho de estimação, com as vendas revertidas para financiar as pesquisas. “Planejamos aceitar encomendas de clientes agora e ver qual o tamanho da demanda”, afirma Yong Li, diretor do técnico de ciência animal do Instituto.
Os cientistas editaram os genes de porcos clonados para desativar um gene do par GHR (growth hormone receptor, receptor de hormônio do crescimento), que causa um tipo de nanismo no ser humano. Cruzaram então os clones com fêmeas normais e, depois de duas gerações, consideram os animais saudáveis.
O resultado foi uma nova raça de porcos, menor que qualquer outra. O microporco chinês cresce no máximo até 15 quilos, o tamanho de um cachorro médio. É o primeiro a realmente merecer o nome “microporco”. Há alguns anos, virou moda ter porco em casa. Eles afinal são mais inteligentes que cachorros (pois é), limpinhos (isso mesmo) e completamente adoráveis (se está em dúvida, veja aqui).
Mas um dia eles crescem. Os ditos “microporcos” podem caber numa xícara quando pequenos, mas chamá-los de “teacup” é propaganda enganosa. Eles chegam a pesar 50 kg quanto adultos, o que é bom para quem quer um sanduíche de presunto, nem tanto para morar num apartamento.
Fonte:
Gene-edited ‘micropigs’ to be sold as pets at Chinese institute, Nature