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Buraco negro que mais cresce no Universo consome o equivalente a um Sol por dia

O J2157 é tão grande que, se o buraco negro no centro da Via Láctea quisesse se igualar a ele em massa, precisaria engolir dois terços da nossa galáxia.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 3 jul 2020, 19h00 - Publicado em 3 jul 2020, 18h50

Na última terça (30, um estudo publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society mostrou que, além de grande, o buraco negro J2157 tem um apetite voraz, e consome, diariamente, o equivalente a massa de um Sol.

Isso faz com que o J2157 seja o buraco negro com a maior taxa de crescimento de que se tem notícia. Seu tamanho (estimado em 34 bilhões de vezes a massa do Sol) também impressiona. À título de comparação, ele é 8 mil vezes maior que Sagitário A*, o buraco negro supermassivo que está no centro da Via Láctea – se o Sagitário A* quisesse se igualar ao J2157, precisaria engolir dois terços da nossa galáxia.

Descoberto em 2018, o J2157 tem um baita nome complicado: SMSS J215728.21–360215.1 – pode ficar tranquilo, vamos continuar com a versão abreviada. Naquela época, os astrônomos estimaram que sua massa seria de 20 bilhões de vezes a do Sol, e sua taxa de acúmulo (de poeira, gás, destroços celestes e tudo mais que possa ser deglutido por ele) era de meio Sol por dia. Desde então, as medições foram revisadas até chegar nos valores de hoje.

Mas o que mais chama a atenção é a distância entre ele e a Terra: 12 bilhões de anos-luz. Pois é. A luz ultravioleta emitida pelo buraco, e captada pelos astrônomos, levou 12 bilhões de anos para chegar até aqui. O J2157, então, é um buraco negro do início do Universo, menos de 2 bilhões de anos após o Big Bang.

“É o maior buraco negro que foi medido deste período inicial do Universo”, disse à CNN Christopher Onken, principal autor do estudo e pesquisador da Escola de Astronomia e Astrofísica da Universidade Nacional Australiana. Ancião bom de prato.

Analisar buracos negros do tipo (e as galáxias em que se localizam) é importante não só para entender como corpos tão grandes como eles se formam, mas também para compreender mais sobre essa fase primitiva do Universo.

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Caçando buracos negros

Em 2018, o J2157 foi localizado cruzando dados de três fontes: o satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia, o Observatório Siding Spring, da Universidade Nacional Australiana, e o satélite Wide-field Infrared Survey Explorer, da NASA. A pesquisa de 2020 também contou com o Very Large Telescope, do Observatório Europeu do Sul, no Chile.

Ele foi encontrado devido ao seu brilho em luz ultravioleta, que chegou até aqui. De início, é uma ideia contraintuitiva: como um buraco negro, que absorve até a luz, consegue emitir algo?

O responsável por isso é o disco de acreção – aquele anel de gás e poeira em torno do buraco negro. Ali, o atrito é tanto que acaba gerando radiação. É esse disco, por exemplo, que vemos nessa foto, a primeira da história de um buraco negro, feita no ano passado.

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Quando um buraco negro supermassivo emite tanto brilho (a ponto de poder ser confundido com uma estrela pelo telescópio), ele também recebe o nome de quasar (uma abreviação, em inglês, para “fonte de rádio quase estelar”). E o J2157 é o quasar mais luminoso já registrado.

Para se ter uma ideia, basta imaginar como seria se esse buraco negro estivesse no centro da Via Láctea. Se olhássemos para o céu, seu brilho seria 10 vezes maior que o da Lua cheia – a luminosidade seria tanta que nem daria para ver as estrelas. Seria um fenômeno interessante de observar, mas é melhor não. Afinal, é bem provável que a vida por aqui se tornasse inviável, dada a quantidade de raios-X que seria emitida por ele.

 

 

 

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