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Cachorros conseguem cheirar o estresse de humanos – e ficam tristes com isso

Estudo revela que altos níveis de cortisol tornam os cães mais pessimistas em um experimento; entenda.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 30 set 2024, 11h49 - Publicado em 23 set 2024, 12h00

Chegou estressado do trabalho? Seu cãozinho provavelmente vai perceber. Um novo estudo demonstrou que o melhor amigo do homem (e da mulher) consegue literalmente sentir o cheiro do estresse humano – e reage negativamente ao estímulo, ficando mais cauteloso e “pessimista”.

O estudo foi feito por pesquisadores das universidades de Bristol e de Cardiff, no Reino Unido, e publicado na revista Scientific Reports. Segundo o artigo, os cachorros conseguem farejar os altos níveis de cortisol no suor humano – um hormônio que é liberado aos montes em situações de estresse.

No teste, participaram 18 cachorros de raças variadas, além de seus donos e outros 11 voluntários humanos desconhecidos para os bichos. Os voluntários humanos passaram por uma atividade considerada estressante – primeiro, precisaram improvisar e recitar um discurso; depois, resolver um problemão de matemática.

Mais tarde, os mesmos voluntários passaram por uma sessão de relaxamento, que envolvia sentar-se num puff confortável enquanto assistiam a vídeos relaxantes da natureza, com as luzes baixas.

Durante ambos os cenários (relaxante e estressante), cientistas coletaram amostras de suor dos voluntários humanos.

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Enquanto isso, os cachorros passavam por uma experiência totalmente distinta. Os pesquisadores ensinaram para os 18 doguinhos que um pote em um local X da sala sempre possuía uma guloseima, enquanto outro pote num ponto Y, do lado oposto da sala, estava sempre vazio. Em pouco tempo, os cães aprenderam o padrão – e passaram a ir direto no pote cheio, ignorando totalmente o pote vazio.

Só que aí os cientistas mudaram o cenário: colocaram apenas um pote, que ficava exatamente no centro entre os pontos X e Y. Era uma situação ambígua, que os cachorros não sabiam se teria uma guloseima ou não.

Caso o cachorro decidisse rapidamente checar o pote para verificar se havia um petisco, essa situação era considerada “otimista”. Caso ignorasse ou se aproximasse muito lentamente, já prevendo que estaria vazio, a abordagem era considerada “pessimista”. Cachorros otimistas se demonstravam mais entusiasmados, felizes; pessimistas, mais tristes e reservados. 

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Aí que entram as amostras de suores de humanos. Cientistas apresentaram os cheiros para os cachorros e repetiram o teste dos potes. Os resultados mostraram que, quando expostos aos cheiros de pessoas estressadas, os cães tinham menores chances de checar se o pote ambíguo tinha ou não comida – ou seja, eram mais “pessimistas”. Amostras de pessoas relaxadas, por sua vez, não apresentavam diferenças em relação aos testes feitos sem amostras.

O estudo aponta, então, que estar próximo de pessoas estressadas torna os cãezinhos mais “pessimistas” e deprês. E nem precisa ser dos próprios donos: as amostras de suor foram coletadas de humanos aleatórios, que os cachorros não conheciam.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que cães possuíam a habilidade de detectar altos níveis de cortisol, mas é a primeira análise que investiga como isso afeta as emoções dos bichos.

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“Entender como o estresse humano afeta o bem-estar dos cães é um ponto importante para cães em canis e para treinar cães de companhia e cães com funções, como cães de assistência médica”, diz Nicola Rooney, professora na Bristol Veterinary School e autora do estudo.

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