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Casamento ou amizade colorida?

Essa arquitetura atual começou a ser desenhada após a Segunda Guerra Mundial, com a construção de órgãos como a Organização das Nações Unidas .

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 31 ago 2001, 22h00

Marcelo Spina

Imagine um prédio estranho, feito de blocos dos mais variados tamanhos e origens. Nem todos se encaixam, mas a construção se mantém em pé. Assim é o mundo atual, montado sobre uma infinidade de blocos de países que se unem ou se opõem de acordo com os interesses em jogo.

Essa arquitetura atual começou a ser desenhada após a Segunda Guerra Mundial, com a construção de órgãos como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA). Com a Guerra Fria, o mundo assentou-se sobre duas grandes lajes: Estados Unidos e União Soviética – Ocidente vs. Oriente.

Com o fim da União Soviética, os países buscaram se alinhar por interesses específicos: político-militares (Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN), socioeconômicos (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE), ou comerciais (Mercosul). A ONU é o organismo internacional mais expressivo, com a participação de 189 países e uma rede de agências para cuidar de temas diversos, como direitos humanos, educação, trabalho, resolução de conflitos e saúde.

Com a globalização, nenhum interesse de integração cresceu tanto nas últimas décadas quanto o comercial. São 32 blocos econômicos, embora alguns passem despercebidos. Coexistem desde os gigantes Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), União Européia e Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), até a discreta União do Rio Mano (MRU), que une Serra Leoa, Libéria e Guiné, e a União Árabe de Magreb (UMA), com Argélia, Líbia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia.

Na contramão, o professor de política internacional da USP José Augusto Guilhon de Albuquerque acredita que a tendência é a dispersão desses blocos (aos quais, na verdade, ele prefere chamar de “amizades coloridas”). “São associações apenas provisórias”, diz Guilhon, prevendo um sistema cada vez mais anárquico. “Os interesses específicos fazem uns se unirem aos amigos e amanhã aos inimigos.”

A Associação pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos (Attac), uma ONG européia, considera a Área de Livre Comércio das Américas (Alca – prevista para entrar em operação em 2005), o pior exemplo de formação de bloco. “Não há identidade entre os países e apenas um deles, os Estados Unidos, tem 80% de todos os recursos”, critica Antonio Martins, integrante da Attac no Brasil.

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Indagado no dia de sua posse, em janeiro, sobre a possibilidade de o Brasil desistir do projeto continental, o ministro das Relações Exteriores Celso Lafer não descartou tal possibilidade. “É preciso ver se a economia brasileira e a cidadania brasileira serão beneficiadas pela Alca ou não.” Mas, de forma geral, o processo globalizador parece irreversível. Como lembrou o prêmio Nobel de Economia Amartya Sen, o melhor indício disso são os próprios antiglobalistas, que, oriundos de diversos países, usam a internet para coordenar suas ações.

rvergara@abril.com.br

As principais organizações internacionais

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Conheça as principais alianças de países e as razões que os aproximam

G-8

Grupo dos sete países mais ricos, mais a Rússia. Foi formado em 1975 para estimular a economia mundial, mas agora o enfoque são questões políticas mais amplas.

Membros – Estados Unidos, Japão, Reino Unido, França, Itália, Canadá, Alemanha e, mais recentemente, a Rússia

Mercosul (Mercado Comum do Sul)

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Criado em 1991 para promover integração econômica e aduaneira.

Membros – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai

Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte)

Iniciado em 1988, é um instrumento de integração econômica. Recebeu a adesão do México apenas em 1993.

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Membros – Estados Unidos, Canadá e México

Sadc (Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento)

Criada em 1992, pretende desenvolver um mercado comum entre seus integrantes a médio prazo e promover a paz e a segurança nessa região conturbada.

Membros – África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Malavi, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue

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Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico)

Oficializada em 1993, quer liberar a troca de produtos dentro do grupo até 2020. Reúne 50% do PIB mundial.

Membros – Austrália, Brunei, Canadá, Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Filipinas, Cingapura, Coréia do Sul, Tailândia, Estados Unidos, China, Hong Kong (China), Taiwan, México, Papua, Nova Guiné, Chile, Peru, Federação Russa, Vietnã

União Européia

Aprovada em 1991 e em vigor desde 1993, promoveu a unificação das economias dos integrantes.

Membros – Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Reino Unido e Suécia

Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)

Aliança militar criada em 1949 para conter a expansão do comunismo, reúne agora países ex-comunistas.

Membros – Bélgica, Canadá, República Tcheca, França, Dinamarca, Estados Unidos, Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal, Espanha, Turquia, Grã-Bretanha

Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo)

Criada em 1960 para controlar a oferta de petróleo, detém 75% das reservas mundiais do produto.

Membros – Arábia Saudita, Venezuela, Kuwait, Indonésia, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Catar, Argélia, Nigéria e Líbia

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