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“Chaves” tem razão: risadas de fundo tornam piadas mais engraçadas

Segundo um estudo inglês, o recurso da claque pode de fato melhorar a experiência de quem escuta um gracejo qualquer.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 24 jul 2019, 17h27 - Publicado em 24 jul 2019, 16h58

Acontece toda vez que algum personagem faz algo cômico ou tem uma reação inesperada: um barulho enlatado de risadas surge ao fundo, complementando o momento e lembrando quem assiste que há uma plateia acompanhando a mesma cena. É um recurso conhecido como claque, típico de diversas sitcoms americanas e que, aqui no Brasil, tem em seu representante mais famoso o seriado “Chaves”.

O curioso é que, apesar de não parecer, claques podem de fato fazer a diferença para quem assiste, melhorando sua experiência. Isso ficou claro a partir de um experimento realizado por cientistas da University College London, na Inglaterra.

Os cientistas testaram 72 voluntários (24 deles tinham autismo) com 42 piadas diferentes. Na lista, que você pode ler neste link, havia de tudo: desde os chistes mais infames até os mais sofisticados. A ideia era responder se o fato de ouvir um grupo de pessoas rindo daquilo que você está ouvindo muda sua opinião sobre o conteúdo.

De acordo com os resultados, publicados na revista científica Current Biology, isso de fato acontece. A claque pode ter dois efeitos principais: a de convencer alguém a começar a rir, numa espécie de contágio ou “efeito manada”, ou servir como uma espécie de permissão – como quando alguém aguarda a reação de outras pessoas até romper em uma risada.

No experimento, Ben van der Velde, um comediante inglês profissional, gravou a mesma sequência de piadas com dois fundos sonoros diferentes. Metade delas era acompanhada por risadas “enlatadas”, e as demais eram acompanhadas por risadas reais – que Ben obteve ao apresentar as piadas ao vivo, para uma platéia de verdade. Quem participou do estudo, então, utilizava um ranking para julgar o quão engraçada era cada uma das piadas. As notas deveriam ir de 1 (nada engraçada) a 7 (hilária).

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O que os cientistas perceberam era que ter uma risada de fundo, fosse ela artificial ou gerada por uma plateia de carne e osso, melhorava a avaliação das piadas. Como você pode imaginar, uma risada espontânea era mais efetiva do que a famosa claque, aumentando a nota das piadas que acompanhavam. Enquanto o primeiro tipo melhorava as notas em até 20%, para as risadas enlatadas esse aumento era de 10%.

Isso valia mesmo para as piadas consideradas piores, escolhidas de propósito pelos cientistas para tirarem apenas um sorrisinho amarelo (de pena ou vergonha alheia, que fosse) dos voluntários. No caso das piadas ruins, a avaliação ficou entre 1.5 a 3.5.

Como destaca a BBC, a lista de piadas ruins usadas no estudo envolvia chistes infames como “Por que você não pode dar a Elsa (personagem do filme Frozen) um balão? Por que ela vai deixá-lo ir (let it go, do inglês). É por essas e outras que teria sido melhor ir assistir ao filme do Pelé.

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