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Cientistas apontam moscas como uma das principais espécies migratórias

Não é só pelo rolê: a viagem desses insetos têm uma função importante para ecossistemas.

Por Manuela Mourão
10 abr 2025, 12h00

Pássaros, baleias, gnus e borboletas estão entre os animais migratórios mais conhecidos do mundo. Mas talvez você não saiba que as moscas também fazem parte desse grupo, representando 90% de todos os insetos que migram pelo Chipre e pelos Pirineus, na fronteira entre a França e a Espanha. Um grupo de pesquisadores publicou um novo estudo na Biological Reviews, analisando a importância da rota migratória desses animais para o ecossistema. 

As moscas migratórias desempenham um papel essencial nos ecossistemas e, surpreendentemente, estão entre os migrantes mais diversos do planeta. São principalmente as fêmeas que migram, aproveitando as mudanças sazonais na oferta de alimentos para se reproduzirem. 

Esses insetos já foram vistos atravessando vales nos Himalaias, sobrevoando o oceano a bordo de navios no Golfo do México e em grandes enxames pela Europa Ocidental. Em uma cena impressionante observada nas Maldivas, pequenas mosquinhas Forcipomyia foram flagradas usando pelos das patas para se fixar nas asas de libélulas e cruzar o Oceano Índico por meio das “caronas aladas”. 

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Mais de 60% das espécies migratórias de moscas, como os sirfídeos, atuam como polinizadoras. Sem elas, a produção de alimentos sofreria um impacto direto — mostrando que esses insetos, muitas vezes ignorados, são cruciais para a natureza e humanidade.

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Os autores voltaram ao início da história humana para entender desde quando essas migrações ocorrem. E acharam respostas até em textos bíblicos: no livro do Êxodo, quando o faraó do Egito não deixou o povo de Moisés partir, Deus enviou uma praga de moscas. Então, Deus removeu as moscas da terra até que “não restasse uma mosca sequer”, explica Will Hawkes, um dos autores do estudo e pesquisador de migração de insetos da Faculdade de Ciências da Vida e do Meio Ambiente, na Universidade de Exeter.

“Esta última citação bíblica é fundamental”, escreve para o The Conversation. Isso porque o Egito faz parte da rota de migração das moscas daquela região. Logo, o aparecimento de uma grande quantidade de insetos seguida de uma desaparição súbita pode ter sido significativa o suficiente para ser interpretada como intervenção divina.

Trazendo a pesquisa para o presente, Hawkes e sua equipe montaram câmeras para monitorar os padrões e eventos de migração das moscas. “As câmeras que usamos registraram quase 6.000 moscas por metro por minuto”, escreve o autor. “Ser atingido por uma mosca viajando a mais de 40 km/h (com a ajuda do vento) dói o suficiente para fazer você querer abrigo rapidamente.”

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De acordo com os autores, as moscas teriam viajado pelo menos 100 km em mar aberto, cruzando do Oriente Médio até a Ilha de Chipre, em sua rota primaveril em direção ao norte europeu. Durante a migração, as moscas ajudam na polinização, promovendo a diversidade genética das plantas e contribuindo para sua adaptação às mudanças climáticas. Além disso, cerca de 34% das espécies migratórias atuam como decompositoras, evitando o acúmulo de matéria orgânica.

Moscas migratórias têm um impacto amplamente positivo no planeta. Elas são os principais insetos responsáveis pelo transporte de nutrientes essenciais para o crescimento das plantas, como fósforo e nitrogênio, contribuindo também para a saúde do solo quando morrem. Além disso, servem de alimento para aves migratórias durante suas rotas. 

“Estamos apenas começando a perceber a importância das moscas”, escreve Will Hawkes. Tomara que não seja tarde demais para protegê-las.”

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Os autores ressaltam que nem todos os efeitos são benéficos: cerca de 18% das espécies se tornaram pragas agrícolas ao se beneficiarem de monoculturas, e 16% são vetores de doenças, como os mosquitos transmissores da malária.

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