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Cientistas descobrem madeira supereficiente para armazenar carbono

Um estudo acabou descobrindo um novo tipo intermediário de madeira, que explica porque árvores de tulipas armazenam tanto CO2. Entenda.

Por Eduardo Lima
2 ago 2024, 12h00

Numa pesquisa que examina as estruturas microscópicas do tronco das árvores, cientistas da Universidade Jaguelônica, na Polônia, e da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, descobriram um novo tipo de madeira.

As árvores de tulipas, os liriodendrons, são parentes das magnólias e podem crescer até 30 metros de altura. A madeira delas é de um tipo único, que não se enquadra na categorização tradicional dos botânicos, que divide as madeiras em “comuns” (menos resistentes e suscetíveis a fungos e insetos) e “de lei” (ou “nobres”, mais resistentes).

A madeira dos liriodendrons não só é única como tem alta eficiência em armazenamento de carbono. Na pesquisa publicada na última terça (30) na revista New Phytologist, os cientistas sugerem que florestas com essas árvores, mais comuns em jardins ornamentais, sejam plantadas para sequestro de carbono.

Os cientistas descobriram o novo tipo de madeira numa pesquisa que tratava de 33 espécies de árvores para entender como as nanoestruturas das madeiras evoluíram.

Pé-de-meia de carbono

Um microscópio especial – que analisa as células da madeira em seu estágio hidratado natural, mas numa temperatura fria numa câmara criogênica – foi usado para conseguir imagens da arquitetura das paredes celulares da madeira de liriodendron.

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As espécies analisadas foram a Liriodendron tulipifera, nativa da América do Norte, e sua variedade encontrada na China e no Vietnã, a Liriodendron chinense

Essas árvores têm macrofibras (fibras longas alinhadas nas camadas da parede celular secundária, estrutura que se forma nas plantas quando elas param de crescer e é o principal componente da madeira) bem maiores que as árvores com madeira de lei.

Os liriodendrons se afastaram de suas ancestrais evolutivas, as magnólias, entre 30 e 50 milhões de anos atrás. No mesmo recorte de tempo, houve uma rápida redução no nível de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera. Essas estruturas de microfibras grandes podem ter sido uma adaptação evolutiva para armazenar quantidades maiores de carbono quando sua disponibilidade atmosférica estava sendo reduzida.

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As microfibras grandes nesse novo tipo de madeira – que os especialistas estão chamando de madeira intermediária ou madeira acumuladora – podem estar por trás do crescimento rápido das árvores de tulipas e de sua eficiência para armazenar carbono.

Sequestro de carbono é o processo de remover gás carbônico da atmosfera por meio da fotossíntese dos organismos de oceanos e florestas. Plantações de liriodendrons poderiam ajudar a mitigar o efeito estufa, capturando o CO₂ e lançando oxigênio na atmosfera.

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