Cientistas encontram cópias de fóssil destruído na Segunda Guerra Mundial
Elas foram reconhecidas a partir de uma ilustração, e os pesquisadores acreditam que outros moldes podem estar por aí.
Em maio de 1941, Londres foi bombardeada por um ataque aéreo nazista. Entre os edifícios afetados, estava o Royal College of Surgeons, cujo museu guardava um esqueleto de ictiossauro – um réptil marinho pré-histórico, parecido com os golfinhos de hoje.
Mas não era qualquer ictiossauro. Era o primeiro fóssil completo que já se encontrou da criatura, apresentado à comunidade científica em 1819 pelo anatomista Everard Home, que integrava o Royal College. Era um tesouro da paleontologia, e foi uma perda irreparável. Bem, quase.
Por acaso, uma dupla de pesquisadores da Universidade de Manchester (Reino Unido) e da Universidade Estadual de Nova York encontrou duas cópias de gesso desse esqueleto completo. E eles acreditam que possam haver outras perdidas por aí.
Eles encontraram a primeira cópia em 2016, enquanto vasculhavam o acervo do Museu Peabody, da Universidade de Yale (EUA), em busca de ictiossauros esquecidos nas prateleiras. A dupla teve um déjà-vu quando bateu o olho em uma placa de gesso – e depois percebeu que se tratava de um sósia do famoso fóssil.
Quem criou a cópia? Quando? Não se sabe: nos documentos do museu há apenas a indicação de que o material foi doado em 1930 por Charles Schuchert – na época, um paleontólogo de Yale.
Três anos depois, eles encontraram outra cópia escondida em uma prateleira do Museu de História Natural de Berlim (Alemanha). Também não se tem grandes informações sobre ela, mas o molde do esqueleto está mais definido do que o da placa de Yale. Os pesquisadores acreditam, portanto, que esse seja mais recente.
A dupla de pesquisadores comparou os moldes com a ilustração do fóssil que aparece naquele primeiro estudo de 1819 – e encontraram pequenas diferenças. A ilustração representa minúsculos ossos extras nas nadadeiras do animal, que não aparecem nas cópias do fóssil. Eles foram, inclusive, pintados na cópia de Berlim para que ela combinasse com o desenho.
Os pesquisadores publicaram as descobertas na última quarta (2), na revista Royal Society Open Science. Eles escrevem que este caso “ilustra a importância dos moldes antigos nas coleções de museus”, à medida que eles tendem a representar espécimes com mais precisão.