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Cientistas encontram vírus de 15 mil anos em geleiras tibetanas

Dos 33 vírus identificados, 28 nunca haviam sido relatados por pesquisadores.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 21 jul 2021, 18h03 - Publicado em 21 jul 2021, 16h13

As regiões do globo que contém permafrost, uma espécie de solo congelado, são verdadeiros parques de diversões para os cientistas. Com o derretimento das geleiras, cientistas já puderam identificar corpos de animais do passado praticamente intactos e até microrganismos microscópicos que voltaram à vida após anos congelados. Agora, pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, identificaram dezenas de vírus em duas amostras de gelo retiradas do Planalto do Tibete, na China. 

O gelo analisado pertencia à calota polar de Guliya, localizada 6,7 quilômetros acima do nível do mar. As camadas de gelo vão se acumulando anualmente. Quando elas se formam, prendem o que estiver na atmosfera, sejam gases, poeira ou microrganismos. Neste caso, os pesquisadores encontraram 33 vírus, que foram retidos pelo gelo há 15 mil anos. Destes, 28 são inéditos para a ciência. O estudo completo foi publicado na revista científica Microbiome.

A partir da análise genética dos vírus, os cientistas descobriram que alguns dos microrganismos eram bacteriófagos, ou seja, infectavam bactérias. Além disso, suas assinaturas genéticas sugerem a capacidade de infectar células em ambientes frios, que os teria ajudado a prosperar em ambientes extremos, como aquele em que foram encontrados. 

Os vírus encontrados no permafrost estavam relacionados a agentes infecciosos que parasitam cepas de Methylobacterium, bactérias comumente encontradas no solo ou em plantas. Os vírus das geleiras tibetanas teriam se originado em um desses dois ambientes, e não em animais ou seres humanos. 

Encontrar evidências do passado no permafrost é ótimo para estudar a evolução da Terra, mas também traz preocupações. O derretimento das geleiras pode liberar microorganismos para o ambiente, o que pode representar riscos à saúde humana. Além disso, a diminuição do gelo faz com que mais metano e carbono, antes sequestrados pelo solo, sejam liberados no ambiente, intensificando o efeito estufa. 

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