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Objeto interestelar Oumuamua pode ser fragmento de um exoplaneta

O 1º objeto de fora do Sistema Solar detectado em nossa vizinhança parece ser feito de nitrogênio congelado – oriundo de um planetinha similar a Plutão.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 18 mar 2021, 20h43 - Publicado em 18 mar 2021, 19h15

A história do Oumuamua começou em outubro de 2017. Esse objeto rochoso proveniente de outro sistema estelar foi detectado pela primeira vez pelo telescópio Pan-STARRS1, no Havaí, e foi batizado pelo código 1I/2017 U1 – Oumuamua é só um apelido, que significa “mensageiro” em havaiano. Sua primeira classificação foi a de asteroide, mas o Oumuamua também foi descrito como cometa e houve até quem defendesse que ele era uma nave alienígena. 

Ou seja: não há consenso entre a comunidade científica. E agora, um novo palpite entrou em cena. Em um estudo publicado pela União Geofísica Americana, pesquisadores argumentam que o Oumuamua é, na verdade, uma lasca que se desprendeu de algum exoplaneta (ou seja, um planeta que não pertence ao nosso sistema solar) e vagou pela Via Láctea até vir parar em nossa vizinhança. A fragmentação parece ter acontecido há meio bilhão de anos.

De acordo com esse novo trabalho, não é apenas a classificação inicial do Oumuamua que estava errada, mas também sua caracterização morfológica. Em bom português: o consenso atual é que o objeto tem a forma de charuto gigante – e sempre foi assim. Já o estudo recém-publicado propõe que seu formato na verdade era originalmente mais próximo de uma bolacha recheada, e que ele ganhou a forma alongada só depois de chegar aqui por nossas bandas cósmicas.

A explicação é que o Oumuamua parece ser feito de nitrogênio congelado, sólido. Quando o objeto entrou em nosso Sistema Solar, teve um encontro bem próximo com o Sol. O calor resultante dessa exposição teria feito com que a maior parte do nitrogênio evaporasse, deixando o objeto de 45 metros com menos de 5% de sua massa inicial. 

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Se essa hipótese estiver correta, então o planeta do qual o Oumuamua se desprendeu provavelmente era muito parecido com nosso pequeno anão Plutão – cuja superfície também é formada por nitrogênio em estado sólido por causa do frio extremo. 

Essa hipótese se baseia em algumas constatações sobre o comportamento anômalo do Oumuamua. Para começo de conversa, esse objeto é considerado “lento” demais para ser um cometa ou fragmento de cometa. Sua velocidade comparativamente baixa indicava que o início de sua viagem pelo espaço não superava a marca de um bilhão de anos, sendo que os cometas, em geral, estão vagando por aí há mais de quatro bilhões de anos (e por isso são ridiculamente rápidos). 

Quando se aproximam do Sol, os cometas enfrentam o chamado “efeito foguete”: o gelo do corpo celeste derrete, formando aquela bela cauda. Nesse processo, ele ganha um pouco de impulso e se afasta da estrela. O Oumuamua passou pelo mesmo processo, mas seu impulso era consideravelmente mais forte. Por outro lado, faltava ao Oumuamua o rastro que é característico destas grandes bolas de neve. Mais duas anomalias na conta.

Analisando o brilho, tamanho o e formato do objeto interestelar, os pesquisadores logo levantaram a hipótese de que aquilo era um pedação de gelo que se soltou de um exoplaneta. Essa caracterização, segundo os cálculos, explicaria melhor seu comportamento tão exótico.

Por mais que estejam entusiasmados com a hipótese, os pesquisadores explicam que ainda é cedo para cravar uma origem para o Oumuamua e descartar outras possibilidades. Transcorreram apenas três anos de estudo – um tempo relativamente curto para os padrões da ciência. O charutão alienígena deve deixar o nosso Sistema Solar por volta do ano 2040, e seguirá se desintegrando até lá. Os astrônomos sugerem que o objeto – que entrou no Sistema Solar bem gordo e se tornou uma bolacha no caminho – partirá tão achatado quanto uma panqueca. 

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O Oumuamua foi o primeiro objeto interestelar a ser detectado por cientistas dando uma passadinha no Sistema Solar – o que significa que há uma infinidade de corpos imigrantes vagando por aí, mas que eles viajam em uma velocidade tão alta que são incapazes de serem retidos pelo campo gravitacional da nossa estrela. Depois do Oumuamua, tivemos apenas a visita do cometa Borisov, em 2019. Qual será o próximo viajante a dar uma passadinha nesse enorme posto rodoviário que é o Sol?

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