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Cientistas usam técnica CRISPR para tornar Aedes aegypti ‘cego’

Em estudo recente, pesquisadores criaram mosquitos mutantes com dificuldade de se guiar por pistas visuais de alto contraste – uma de suas táticas para encontrar alvos humanos.

Por Luisa Costa
Atualizado em 3 ago 2022, 09h57 - Publicado em 19 ago 2021, 16h32

Cientistas da Universidade da Califórnia usaram edição genética para eliminar a capacidade do mosquito Aedes aegypti de encontrar suas vítimas pela visão – e, com isso, torná-lo incapaz de picar humanos. O estudo foi publicado recentemente na revista Current Biology.

Os mosquitos usam vários sentidos para procurar e picar pessoas. Eles podem detectar alguns sinais de nossa pele – como calor, umidade e odor –, mas são atraídos principalmente por CO2, que expelimos o tempo todo no processo da respiração. Além disso, se guiam por detalhes visuais de alto contraste – já foi constatado que os Aedes aegypti são mais atraídos por pessoas com roupas escuras.

Os cientistas envolvidos no estudo suspeitaram que proteínas responsáveis pela percepção de luz – as chamadas rodopsinas – poderiam ser a chave para eliminar a capacidade dos mosquitos de encontrar alvos humanos pela detecção de cores escuras. Então, eles usaram uma técnica de edição genética chamada CRISPR-Cas9 para criar mosquitos transgênicos com mutações nas rodopsinas.

Em uma primeira tentativa, eles eliminaram a rodopsina Op1, que é a proteína mais abundante nos olhos do Aedes aegypti. Mas os cientistas perceberam que os mutantes Op1 continuavam enxergando alvos escuros, e voavam na direção deles quando eram estimulados com CO2. Então, a equipe tentou novamente. Dessa vez, produziu mosquitos transgênicos sem a rodopsina Op2. De novo, os mutantes não sofreram qualquer impacto na sua capacidade de enxergar o alvo.

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Os cientistas só tiveram sucesso quando eliminaram as duas proteínas. Os mutantes sem Op1 nem Op2 voavam sem rumo dentro das gaiolas, em vez de preferir o círculo preto. Eles haviam perdido a capacidade de encontrar hospedeiros visualmente.

A equipe quis se certificar de que não havia criado mosquitos totalmente cegos. Para isso, fez uma série de testes para ver a resposta dos mutantes duplos à luz. Os mosquitos passaram nos testes – apesar de terem visão mais fraca do que mosquitos comuns, eles não eram cegos. Só não enxergavam alvos mais escuros.

 

O estudo pode colaborar para estratégias futuras de controle das populações de mosquitos. Com dificuldade para encontrar alvos humanos, as fêmeas do Aedes aegypti teriam menos sucesso em conseguir o sangue necessário. 

De qualquer forma, os pesquisadores ainda não expuseram os mutantes duplos a humanos. Só então eles poderão descobrir exatamente como a visão prejudicada dos mosquitos afeta sua capacidade de picar e se alimentar de sangue – já que eles têm outros sentidos que podem servir de guia. “Quanto mais entendermos como eles percebem o ser humano, melhor podemos controlar o mosquito de uma maneira ecologicamente correta”, disse Yinpeng Zhan, principal autor do estudo, ao New York Times.

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