Colheitas escassas: Biosfera 2 vai pior que Biosfera 1
Biosfera perde alguns membros, apresenta falta de oxigênio dentro da redoma e está com dificuldade para eliminar alguns insetos.
Biosfera 2, o ecossistema artificial instalado no Deserto do Arizona, dentro de uma colossal redoma de vidro e aço, vai mal, e não é só por falta de oxigênio que não consegue produzir em quantidade suficiente. Mês passado, o conselho científico que acompanha o projeto renunciou, devido a “conflitos de personalidade” com alguns dos oito membros da tripulação da Biosfera. Para compensar a perda, a empresa Space Biosphere Ventures, que patrocina o projeto de 180 milhões de dólares, escolheu um diretor de pesquisa para ele: é o oceanógrafo John Corliss, que trabalhava para a NASA. O novo diretor tem muito com que se preocupar: a experiência termina em setembro, mas há sério risco de que a tripulação não suporte tanto tempo mais, pois a natureza artificial da Biosfera não tem conseguido reciclar o ar ambiente, as colheitas não foram tão abundantes quanto se previa (em alguns casos, apenas um quarto do necessário) e agora ácaros e gafanhotos devoram o que restou das plantações. Jim Litsinger, especialista em controle biológico de pragas agrícolas, contratado para resolver o problema, informa que aqui fora, na natureza, o simples encadeamento das estações, com dias mais frios ou mais quentes, basta para manter esses animaizinhos sob controle. Mas no ambiente artificial da Biosfera não há estações, o que o levou a pensar em introduzir, ali, espécies predadoras desses insetos. Com essa solução, entretanto, assim que o problema estiver resolvido, surgirá outro: como alimentar os predadores, depois que eles tiverem comido todas as pragas?