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Começa a construção do maior radiotelescópio do mundo

O Square Kilometer Array (SRA) terá antenas na Austrália e na África do Sul, e deve começar a funcionar em 2024. Veja como ele funciona – e qual sua importância para a astronomia.

Por Luisa Costa
Atualizado em 12 dez 2022, 18h38 - Publicado em 12 dez 2022, 18h33

Um projeto de trinta anos está finalmente saindo do papel: começou a construção do Square Kilometre Array (SKA). É um observatório gigante com antenas na Austrália e na África do Sul, que começará a funcionar em 2024 e será o maior radiotelescópio do mundo quando estiver completo, em 2028.

Um radiotelescópio não se parece em nada com um telescópio comum – aquele tubo com lentes, que você conhece. Isso porque ele é projetado para captar ondas de rádio, mais compridas e menos energéticas do que as ondas eletromagnéticas (ou “luz”) que nossa visão percebe (as cores do arco íris).

As ondas de rádio são invisíveis para nós, mas chegam ao planeta a todo momento; é a radiação que existe por aí no espaço, emitida por alguns fenômenos astronômicos. Com os radiotelescópios, engenhocas compostas por antenas, os astrônomos podem estudá-las – e o SKA será um baita instrumento para isso.

O objetivo do projeto internacional é ter milhares de antenas no sul do continente africano e um milhão na Austrália atuando juntas, como dois telescópios gigantes. A área total de captação de ondas de rádio seria de um quilômetro quadrado – por isso o nome, square kilometre, “quilômetro quadrado” em inglês. A primeira fase da construção, no entanto, corresponde a um décimo disso.

Na Austrália, serão construídas 131 mil antenas alongadas, parecidas com árvores de Natal. Este radiotelescópio é o SKA-Low, que vai detectar frequências entre 50 megahertz e 350 megahertz. Na África do Sul, 197 antenas redondas vão captar frequências entre 350 megahertz e 15,4 gigahertz. Esta parte do observatório gigante chama-se SKA-Mid. Ambos serão construídos em locais que já abrigavam centros de pesquisa sobre ondas de rádio, em escala menor.

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Até agora, o projeto custou 430 milhões de euros – e espera-se que o orçamento final seja de dois bilhões. Além dos radiotelescópios, o SKA conta com sede no Reino Unido e colaboradores em todo o mundo, com computadores prontos para transformar os sinais do radiotelescópio em informação a ser utilizada pelos astrônomos. Os membros atuais da organização por trás do projeto são: África do Sul, Austrália, Reino Unido, China, Itália, Holanda, Portugal e Suíça.

Com o SKA, os astrônomos poderão rastrear a presença do hidrogênio – o elemento mais comum de todos – no espaço ao longo do tempo cósmico, e estudar como o Universo era há mais de 13 bilhões de anos, quando as estrelas e galáxias começaram a se formar. “A exploração desse período-chave é a última peça que faltava em nossa compreensão da história de vida do Universo”, afirma Cathryn Trott, pesquisadora da Curtin University (Austrália).

Os cientistas também farão medições precisas de gravidade em ambientes extremos, como os pulsares: uma estrela de nêutrons com campo magnético extremamente forte, que submete a matéria ao seu redor a condições incomuns. “Mas as descobertas inesperadas provavelmente serão as mais emocionantes”, segundo Cathryn. “Com um observatório deste tamanho e poder, estamos fadados a descobrir mistérios ainda inimagináveis do Universo.”

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