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Observatório de Arecibo dará lugar a um centro educacional. Entenda

O telescópio que ficou famoso graças ao Joy Division colapsou em 2020. Agora, os Estados Unidos têm novos planos para o icônico observatório.

Por Luisa Costa
18 out 2022, 19h13

Porto Rico tem um dos radiotelescópios mais famosos do mundo: o Observatório de Arecibo. Ele transmitiu nossa primeira mensagem ao espaço – em uma tentativa de estabelecer contato com uma inteligência extraterrestre – e gerou o gráfico que aparece na capa do álbum Unknown Pleasures (1979), do Joy Division. Mas, contribuições icônicas à parte, também se tornou um importante centro de pesquisa do arquipélago, desde a inauguração em 1963.

O problema é que o radiotelescópio de Arecibo colapsou em 2020. Desde então, cientistas reivindicaram que o equipamento fosse reconstruído ou substituído por outro, mais moderno. Mas a National Science Foundation (NSF), agência governamental dos EUA que administra a instalação, anunciou que 0 Observatório dará lugar a um centro educacional.

“Reparar a antena parabólica atual [do radiotelescópio] ou reconstruir uma nova instalação em seu lugar é um investimento muito grande que requer revisão e análise cuidadosas. O plano atual é focar em educação e divulgação”, afirmou um porta-voz da NSF ao Space.

Sean Jones, um diretor assistente da NSF, disse à Associated Press que a decisão também se deve, parcialmente, ao fato de que o governo americano tem outras instalações de radar que dão conta do recado. (Lembre que os Estados Unidos invadiram o território de Porto Rico, antes uma colônia espanhola no Caribe, no século 19. Hoje o lugar é um território não incorporado dos EUA e mantém autonomia administrativa.)

A ideia da NSF é aproveitar o legado do Observatório e transformá-lo em um centro de educação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês), com inauguração prevista para 2023. “O centro expandiria as oportunidades de educação e divulgação atualmente existentes no local – e, ao mesmo tempo, implementaria novos programas e iniciativas STEM.”

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A agência anunciou os novos planos para o local na última quinta (13), em comunicado. Ela faz um convite à apresentação de propostas para montar e administrar o centro educacional, a um custo anual de US$ 1 milhão a US$ 3 milhões, durante cinco anos. Isso causou preocupação entre cientistas que afirmam que as decisões da NSF podem diminuir ou alterar drasticamente as pesquisas que ainda acontecem em Arecibo.

Segundo o comunicado, os diretores da NSF vão trabalhar com os pesquisadores que recebem financiamento da agência para garantir a continuidade dos programas. Mas a NSF não prevê suporte operacional para os instrumentos do local: “Equipes [de pesquisa] que pretendam utilizar a infraestrutura científica existente […] podem submeter propostas complementares ao escopo do novo centro.”

A agência americana administra o local desde a década de 1970, e vem reduzindo o investimento por lá desde 2006, para se concentrar em novas instalações astronômicas. Agora, os cientistas precisam descobrir como encerrar seus projetos de pesquisa iniciados no Observatório de Arecibo – que se tornará o “Centro de Arecibo para Educação e Pesquisa STEM”.

O colapso

O principal equipamento do Observatório de Arecibo era um radiotelescópio cuja antena parabólica principal tinha 305 metros de diâmetro. Um telescópio comum enxerga a “luz visível”: ondas eletromagnéticas de certo comprimento e certa frequência que nosso cérebro entende como vermelho, violeta ou qualquer outra cor. Mas existem ondas de todos os tipos. 

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Raios-X, por exemplo, que nos permitem vasculhar o interior do nosso corpo, são ondas curtinhas e energéticas. Ondas de rádio são longas e preguiçosas – e é nesse formato que algumas das luzes que viajam pelo espaço chegam até nós. Para captá-las, não precisamos de lentes, mas de antenas parabólicas.

Pois bem: Arecibo tinha uma antena gigantesca, que você vê na imagem que abre esta matéria. Os problemas estruturais nesse equipamento começaram em 2017, quando o Furacão Maria atingiu Porto Rico. Depois, no início de 2020, uma onda de terremotos abalou o arquipélago – e o Observatório foi temporariamente fechado.

O pior veio meses depois. Em agosto, um dos cabos que sustentavam uma plataforma acima da antena veio abaixo; outro arrebentou em novembro. Então, o radiotelescópio ficou inutilizável, e a NSF desativou o equipamento.

As pesquisas no Observatório continuaram com as instalações restantes: uma antena parabólica menos potente, com 12 metros de diâmetro, e um sistema LIDAR – que mapeia a distância entre objetos com um laser, emitindo luz para o ambiente e depois recebendo a luz refletida. Os cientistas usam esses equipamentos para fins diversos, desde o estudo de estrelas à investigações sobre a atmosfera terrestre.

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