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Como o aumento das temperaturas já atrapalha a observação astronômica

Telescópios ultra-potentes não foram criados para funcionar sob um calor crescente. Isso já traz prejuízos à ciência – e ao planeta.

Por Guilherme Eler
25 set 2020, 19h27

Pesquisadores da Universidade de Colônia, na Alemanha, reuniram evidências que associam o aumento das temperaturas a nível global a prejuízos à astronomia. Isso porque estruturas usadas por astrônomos não estão preparadas para manter-se funcionando como deveriam num planeta que não para de aquecer.

É o que revelou uma análise de dados do Very Large Telescope (VLT), um imenso telescópio do Observatório Paranal, no Chile, reunidos nas últimas três décadas e publicados no periódico científico Nature Astronomy.

A média das temperaturas na região do deserto do Atacama, onde fica o Observatório, aumentou 1,5 ºC ao longo dos últimos 40 anos. É uma alta superior à média global, que atingiu 1ºC acima dos níveis pré-Revolução Industrial.

Parece pouco, mas os termômetros mais elevados podem comprometer a eficiência das observações. Telescópios como o VLT são muito sensíveis e, por isso, precisam operar a temperaturas muito baixas. Para isso, ele é resfriado durante o dia parar impedir que seus sistemas superaqueçam – e se tornem menos precisos, piorando, por exemplo, a qualidade das imagens captadas.

Como você pode imaginar, resfriar essas estruturas demanda um consumo de energia maior quando o clima está mais quente. Segundo a pesquisa, quando as temperaturas ficam acima dos 16ºC ao entardecer – algo cada vez mais recorrente –, o sistema de refrigeração não consegue dar conta da demanda como deveria. Isso faz com que a observação – e a captação de dados – fique comprometida. 

Além de atrapalhar as estruturas do interior dos observatórios, é sabido que temperaturas mais altas fazem com que a atmosfera fique mais turbulenta – algo péssimo para o funcionamento de telescópios. Fenômenos sazonais como o El Niño, que jogam mais vapor d’água na atmosfera, também têm sua culpa. “Isso limita as possibilidades do instrumento e pode, potencialmente, prejudicar o estudo de exoplanetas”, dizem os pesquisadores no estudo.

E a demanda mais alta por energia faz com que a pegada de carbono relacionada à observação astronômica aumente como nunca – piorando a crise climática. Cada um dos astrônomos do Instituto Max Planck de Astronomia, na Alemanha, por exemplo, contribuiu para que 18 toneladas de dióxido de carbono (CO2) fossem lançadas na atmosfera. Tudo isso só por causa das atividades científicas – como viagens para conferências e estudos de campo ou o funcionamento de supercomputadores para análise de dados, por exemplo. Segundo mostraram em um estudo, essa cota é duas vezes maior do que a que um cidadão comum emite na Alemanha.

Moral da história? Nossa necessidade de conhecer outros planetas não pode nos fazer esquecer deste aqui. Terra, afinal, só existe uma só – pelo menos por enquanto.

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