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Conheça a perereca-assobiadora, que virou questão do ENEM 2025

O canto "alto, constante e estridente" desses animais de 4 cm tira o sono de moradores da região do Brooklin, em São Paulo (SP).

Por Manuela Mourão
12 nov 2024, 18h00

Neste último domingo (10) rolou o segundo final de semana do Enem 2025, com as provas de Matemática e Ciências da Natureza. Uma das questões chamou a atenção dos internautas: a 164, de biologia, que introduziu a muitos tuiteiros uma nova espécie: a perereca-assobiadora. 

A pergunta mencionava uma situação vivida recentemente por moradores do bairro do Brooklin, em São Paulo (SP). Eles reclamam do som “alto, constante e estridente” emitido por esses anfíbios à noite, que vem “tirando o sono” de quem reside na região. 

As correções da prova indicam que a resposta correta seria a alternativa “E”, que dizia que o objetivo é atrair fêmeas para o acasalamento, ainda que o texto de apoio não mencionasse a finalidade sexual da gritaria (rs). 

Escute aqui o som que os animais fazem:

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Conheça as pererecas-assobiadoras

A Eleutherodactylus johnstonei é uma perereca pequenininha que pertence à ordem dos anfíbios anuros, os sem cauda. 

São animais originários das Antilhas do Caribe, achados nas ilhas de Porto Rico e Trinidad e Tobago. Foram introduzidas aos ecossistemas brasileiros e hoje são consideradas espécies invasoras. 

Apesar dos cerca de 4 cm, esses animaizinhos contam com um gogó poderoso responsável pelo escândalo que remete a um alarme. A gritaria se torna incessante de outubro a fevereiro, época de acasalamento. 

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Os dates românticos costumam ocorrer nas redondezas de d’água parada, lugar perfeito para proliferação dos filhotinhos que podem variar de 6 a 19 por ninhada, segundo especialistas

O problema é que esses anfíbios não têm nenhum predador natural no Brasil. Logo sua população tende a crescer incontrolavelmente, afetando diversos ecossistemas. Uma das consequências é a falta de alimento para outras espécies, já que é preciso abrir espaço à mesa para servir os novos moradores.

Carlos Jared, diretor do Laboratório de Biologia Celular do Instituto Butantan, disse ao G1 que o canto alto abafa a paquera de outras espécies, podendo atrapalhar o acasalamento e reprodução de sapos e rãs. 

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Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em 2014, relatou que, em um mesmo mês, foram coletados 36 indivíduos da espécie no bairro do Brooklin.

Além disso, a pesquisa ressalta que os animais podem impactar o mercado imobiliário local e que o valor de casas diminuiu, já que ninguém quer ficar perto da sessão de karaokê noturna. Caso semelhante aconteceu no Havaí, com pererecas Eleutherodactylus coqui, irmãs das cantoras paulistas.

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