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Contato visual com robô influencia tomada de decisões humana, indica estudo

Cientistas observaram a relação entre humanos e um robô durante um jogo; voluntários agiam como se estivessem olhando não para uma máquina, mas para outra pessoa

Por Luisa Costa
7 set 2021, 18h38

O olhar pode ser muito representativo para a comunicação humana e indicar, por exemplo, as intenções das pessoas com quem interagimos. Em situações de tomada de decisão, é comum a tentativa de prever o comportamento dos outros por meio da interpretação de seu olhar – assim também podemos definir nossas próprias ações.

Tendo isso em mente, pesquisadores do Instituto Italiano de Tecnologia (IIT) decidiram investigar o que aconteceria quando um humano e um robô humanoide interagissem olhando um para o outro. Eles queriam descobrir se o olhar de um robô poderia influenciar a maneira como as pessoas raciocinam em uma tomada de decisão.

Para isso, os pesquisadores pediram que 40 voluntários jogassem um jogo com o robô humanoide iCub. O jogo representava uma situação em que dois motoristas se moviam um em direção ao outro em uma rota de colisão. A situação podia ou não resultar em uma batida. Só dependia da decisão tomada por cada um dos dois jogadores: seguir em frente ou ceder, fazendo uma curva com seu respectivo carro.

Pouco antes do momento do impacto, o jogo parava por um momento. Os pesquisadores solicitavam que os participantes olhassem para o robô, que poderia fazer dois movimentos: desviar o olhar ou encarar o humano. Em seguida, os participantes deviam tomar a decisão do jogo (fazer ou não uma curva com seu carro virtual).

Enquanto os voluntários jogavam com o robô, os pesquisadores observavam o comportamento e mediam a atividade neural dos participantes, por meio de eletroencefalografia.

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Veja um trecho do experimento no vídeo abaixo:

Os pesquisadores perceberam que os participantes demoravam mais tempo para tomar uma decisão no jogo quando o iCub estabelecia contato visual durante a tomada de decisão – comportamento que também correspondeu a mudanças na atividade neural.

Esses atrasos nas respostas podem sugerir, segundo a equipe de pesquisa, que o olhar mútuo entre humano e robô levou a um maior esforço cognitivo por parte dos voluntários – que poderiam estar se esforçando para não se distraírem com o olhar do iCub, por exemplo, ou para tentar prever suas escolhas – como se o robô fosse uma pessoa.

“Imagine jogar pôquer com um robô. Se ele olhar para você no momento em que você precisa tomar uma decisão sobre o próximo movimento, você terá mais dificuldade em tomar a decisão [do que se estivesse em uma situação em que o robô desvia o olhar]”, comenta Agnieszka Wykowska, autora sênior do artigo. “Seu cérebro precisará empregar processos difíceis e caros para tentar ignorar aquele olhar [potencialmente desconcertante] do robô”.

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O estudo faz parte de um projeto liderado pelo IIT, chamado InStance, que estuda condições em que as pessoas podem tratar robôs como seres intencionais, como os humanos – atribuindo estados mentais à máquina para explicar ou interpretar seu comportamento.

Os pesquisadores acreditam que os resultados obtidos por este estudo podem ajudar no desenvolvimento futuro de robôs que apresentem o comportamento mais apropriado para seu contexto de aplicação.

Robôs humanoides, como o iCub, que apresentam alguns comportamentos “sociais” (como o contato visual) podem ser mais úteis para situações que envolvem o cuidado de pessoas, por exemplo; enquanto robôs sem sinais sociais podem ser mais adequados para auxiliar humanos em situações em que o foco e a precisão em uma tarefa são fundamentais – e não há contato visual ou outro elemento que possa servir de distração.

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