Da última vez que houve tanto CO2 na atmosfera, havia árvores na Antártida
Essa mata não cresce da noite para o dia, é claro – mas a comparação demonstra o quanto transformamos o planeta desde a Revolução Industrial.
Os líderes políticos do século 21 não estão preparados para encarar o problema do aquecimento global com a urgência que ele exige. Mas a maioria esmagadora da comunidade científica reconhece as mudanças climáticas causadas por seres humanos – e se esforça para prever seus impactos.
Alguns dos cientistas usam simulações de computador sofisticadas para calcular o futuro. Outros tomam o caminho oposto e investigam como era o clima em determinados períodos no passado da Terra – justamente os períodos em que ocorreram mudanças climáticas similares às que estão sendo induzidas pela atividade humana atualmente.
Recentemente, pesquisadores britânicos deram uma atenção especial ao Plioceno, compreendido entre 5,3 e 2,6 milhões de anos atrás. Foi a última vez na história do planeta em que a concentração de dióxido de carbono no ar atingiu um patamar similar ao atual.
Temos 412 partes por milhão (ppm) de CO2 na atmosfera. Antes da revolução industrial, o nível era 280 ppm. O mundo do Plioceno é bem diferente do atual: com a temperatura global de 3 a 4 graus Celsius mais alta que a de hoje, quase não havia geleiras no planeta, florestas cresciam ao redor do Polo Sul e o nível do mar era 20 m mais alto.
Nossa situação ainda não é essa, evidentemente, mas pode chegar lá: basta dar tempo ao tempo para que todas as consequências do aumento na concentração de CO2 se manifestem.
Essa conclusão foi apresentada durante um encontro da Sociedade Real de Meteorologia por Martin Siegert, geofísico e cientista de mudanças climáticas do Imperial College de Londres. O pesquisador usa uma metáfora doméstica para explicar por que as transformações não vão ocorrer da noite para o dia. “Se você liga o forno da sua casa e coloca em 200 graus, a temperatura não é alcançada imediatamente, leva um pouco de tempo. E é igual com o clima”, disse em entrevista ao The Guardian.
Ou seja: é bom reduzir as emissões o mais rápido possível. Ou começar a se acostumar com a ideia de uma Antártida verdinha.