Descobertas sobre o Universo levam o Nobel de Física 2019
Pesquisas sobre exoplanetas e evolução dos cosmos vencem o prêmio deste ano. Entenda o que elas significam para a ciência.
Em 2019, o Nobel de Física foi dividido em dois. Metade do prêmio vai para o pesquisador James Peebles, da Universidade de Princeton. Ele descobriu novas ferramentas teóricas para entender como o Universo evoluiu, estudando a luz que foi emitida nos primeiros momentos de vida do universo. Além disso, a pesquisa ainda “joga luz” (com o perdão do trocadilho) nos dois componentes que mais permeiam o cosmos: matéria escura e energia escura.
A conquista foi dividida com os pesquisadores Michel Mayor e Didier Queloz, da Universidade de Genebra. A dupla identificou o primeiro exoplaneta orbitando uma estrela bem parecida com o nosso Sol – só que fora de nosso Sistema Solar.
As duas pesquisas são importantes por razões diferentes. A primeira diz respeito à compreensão do Universo como um todo, desde os primórdios de sua história até hoje. A segunda investiga em um campo bem mais local, ajudando a entender a nossa própria vizinhança cósmica.
Evolução do Universo
O físico James Peebles estuda a história cosmológica há décadas. Seu trabalho visa reconstruir essa trajetória e estabelecer a teoria mais aceita sobre a evolução do Universo.
Graças às descobertas de Peebles, hoje sabemos que apenas 5% do Universo é composto por matéria convencional – que forma desde as estrelas e planetas até eu e você, leitor. Todo o resto é composto por matéria escura (27%) e energia escura (68%).
Para explicar a relevância da descoberta, o comitê do Nobel fez uma metáfora com um copo de café. É como se a matéria normal fosse grãos de açúcar, enquanto todo o líquido representa a matéria e energia escura. Durante milhares de anos a ciência focou apenas no açúcar, e agora começa a abrir os olhos para os verdadeiros componentes do Universo.
Exoplanetas
Para entender a importância da descoberta premiada pelo Nobel, é importante saber o que são exoplanetas. Levam esse nome planetas que orbitam estrelas fora do Sistema Solar – e, portanto, não são nossos vizinhos próximos.
O que Mayor e Queloz fizeram foi identificar o primeiro desses exoplanetas a orbitar uma estrela semelhante ao Sol, em 1995. A dupla descobriu um mundo do tamanho de Júpiter se movendo bem perto da estrela 51 Pegasi.
O que mais chamou a atenção foi a massa do planeta e sua proximidade com a estrela. Ele está mais perto da 51 Pegasi do que Mercúrio está do Sol. Até então, os cientistas achavam que seria impossível que um planeta tão grande se mantivesse tão próximo de uma estrela.
Desde então, mais de 4 mil exoplanetas foram descobertos, dos mais próximos aos mais distantes. Tudo isso ajudou na compreensão de como os planetas fora do Sistema Solar se formam e evoluem, abrindo espaço até mesmo para procurar formas de vida que habitam esses locais.
Cada pesquisa ficou com metade do valor do prêmio. Peebles leva 4,5 milhões de coroas suecas (equivalente a 1,85 milhões de reais), enquanto Mayor e Queloz dividem a outra metade do prêmio.