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Duas espécies de peixes são descobertas na Amazônia – mas estão à beira da extinção

As espécies têm menos de um centímetro. Elas foram descobertas 40 quilômetros ao norte de Apuí (AM), na bacia do rio Madeira.

Por Luisa Costa
17 Maio 2022, 17h18

Duas espécies de peixes foram descobertas por uma equipe de biólogos na bacia do rio Amazonas. Eles fazem parte da subfamília Crenuchinae, e é a primeira vez em 57 anos que se encontra novos representantes do grupo. A má notícia? Estão à beira da extinção.

“Foi emocionante encontrar as novas espécies”, afirma Murilo Pastana, pesquisador do Instituto Smithsonian, em comunicado. “Mas [durante as expedições de pesquisa], vimos a floresta pegando fogo, caminhões madeireiros carregando árvores enormes e trechos desmatados transformados em pastagem de gado. Isso nos fez sentir muita urgência em documentar essas espécies e publicar esse artigo”.

Pastana fez a descoberta junto com Willian Ohara, da Universidade Federal de Rondônia, e Priscila Camelier, da Universidade Federal da Bahia. As novas espécies foram descritas em estudo publicado ontem (16) na revista Zoological Journal of the Linnean Society.

As espécies têm cerca de um centímetro de comprimento e foram chamadas Poecilocharax callipterus e Poecilocharax rhizophilus. O primeiro tem barbatanas de cor laranja, com uma mancha escura na cauda; o segundo é amarelo âmbar.

Ambas apresentam aquilo que os biólogos chamam de dimorfismo sexual, quando machos e fêmeas de uma espécie têm características físicas bastante diferentes, que vão além de seus órgãos reprodutivos. Em P. callipterus, os machos têm coloração mais intensa e barbatanas maiores; em P. rhizophilus, eles têm listras escuras em suas barbatanas.

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Os cientistas descobriram as espécies em expedições realizadas entre 2015 e 2016 na bacia do rio Madeira (afluente do rio Amazonas), que se destaca mundialmente por sua biodiversidade.

A equipe coletou peixes usando métodos como redes e armadilhas. Os espécimes foram fotografados, catalogados e preservados para estudo realizado no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP).

As espécies foram encontradas a cerca de 40 quilômetros ao norte de Apuí (AM), cidade que apresentou o maior índice de desmatamento na Amazônia Legal (32 km2) em fevereiro deste ano, segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD).

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“Esta área [a bacia do rio Madeira] é muito importante porque é uma das fronteiras entre as novas cidades e a floresta nativa, onde o desmatamento está avançando ao norte”, afirma Pastana.

Os cientistas alertam que as espécies recém-descobertas estão ameaçadas, assim como muitas na Amazônia, pela destruição do meio ambiente, mas também pelo comércio de peixes exóticos – a subfamília à qual pertencem são famosas entre aquaristas.

P. callipterus é a que está na pior situação: seu alcance conhecido é limitado a um riacho, visitado na primeira expedição dos cientistas, que compreende 2,4 km2.

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