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Em 1989, uma tempestade solar causou um apagão no Canadá

Nem sempre a culpa por um blecaute está na Terra: nossa estrela pode deixar muita gente sem luz.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 13 mar 2024, 14h28 - Publicado em 6 nov 2020, 21h31

Apagões podem acontecer por diversos fatores: acidentes na rede elétrica, desastres naturais – como tempestades e furacões – e até por fenômenos cósmicos. Foi o que rolou em 1989, quando 6 milhões de pessoas da província de Quebec, na costa leste do Canadá, ficaram sem luz graças a uma tempestade solar.

O gigante amarelo

Para entender como essas tempestades acontecem – e como chegam até aqui –, vamos analisar como o Sol funciona. O núcleo da nossa estrela é quente – muito quente: 15.000.000 ºC, além de uma pressão que equivale a de 250 bilhões de atmosferas.

As condições são tão extremas que o Sol acaba funcionando como uma usina nuclear: funde átomos de hidrogênio que, no processo, tornam-se hélio.

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A cada segundo, 620 milhões de toneladas de hidrogênio se tornam 606 milhões de toneladas de hélio. Essa diferença é liberada na forma de energia. Energia equivalente a 2 bilhões de bombas termonucleares. Um ambiente nada propício para tirar umas férias.

O calor extremo faz com que o gás que compõe a estrela se torne plasma: um quarto estado da matéria no qual os elétrons, que costumam ficar juntinhos do núcleo do átomo, se soltam e voam livres. Os elétrons têm carga elétrica negativa, e o núcleo atômico, positiva.

Quando núcleos e elétrons estão juntos, eles se cancelam e mantém o átomo neutro. Mas quando estão soltos no plasma, geram um rebuliço elétrico. E todo rebuliço elétrico é, também, um rebuliço magnético – afinal, trata-se da força eletromagnética. Assim, o plasma cria o campo magnético do Sol.

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Esse campo magnético alcança regiões distantes do Sistema Solar, carregando consigo um fino spray de partículas eletricamente carregadas – e relativamente inofensivas – chamadas de “vento solar”.

Quando a atividade magnética do Sol aumenta, os ventos solares, que normalmente são uma “brisa”, tornam-se mais carregados. Assim nascem as tempestades solares. Os astrônomos chamam de “ejeção de massa coronal” – CME, na siga em inglês – o fenômeno em que o Sol vomita um bolo descomunal de partículas carregadas em nossa direção.

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O incidente canadense

No dia 10 de março de 1989, cientistas detectaram um CME do tamanho de 36 Terras após uma erupção solar. “Era como a energia de milhares de bombas nucleares explodindo ao mesmo tempo”, escreveu o astrônomo Sten Odenwald no site da Nasa. A nuvem de gás, então, começou a se movimentar a 1,6 milhão de km/h em direção ao nosso planeta.

De início, o evento interferiu em transmissões realizadas com ondas eletromagnéticas de certos comprimentos. Na Rússia, por exemplo, o sinal de uma estação de rádio europeia caiu – teve quem achasse, inclusive, que o governo é quem havia bloqueado o sinal. Dois dias depois, a tempestade solar chegou ao campo magnético da Terra (um fenômeno que, recentemente, foi sonorizado por cientistas).

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O distúrbio gerou auroras boreais no céu do Hemisfério Norte e correntes elétricas no solo de parte da América do Norte. Na madrugada do dia 13, essas correntes encontraram um ponto fraco na rede elétrica de Quebec. Em menos de dois minutos, o sistema apagou – e permaneceu assim por 12 horas.

O apagão fechou escolas, empresas, o metrô de Montreal (maior cidade da província) e o aeroporto de Dorval. Além disso, o sistema de aquecimento de várias casas não funcionou e muita gente acordou no frio daqueles últimos dias do inverno canadense.

Quebec foi a principal região prejudicada pela tempestade, mas não apanhou sozinha. Naquele dia, os EUA registraram mais de 200 problemas na rede elétrica do país. Nenhum deles, contudo, causou um apagão. No espaço, alguns satélites ficaram fora de controle por algumas horas.

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Outras tempestades solares que já atingiram a Terra foram piores que a do causo canadense, mas nós não dependíamos tanto da eletricidade antes do século 20, o que diminiu o impacto prático desses eventos.

A pior de que se tem registro ocorreu em 1859 e foi observada pelo astrônomo britânico Richard Carrington. O fenômeno interferiu na rede de telégrafos – interrompendo a comunicação entre EUA e Europa – e chegou a eletrocutar operadores. Se um evento da mesma magnitude nos atingisse hoje, nossa rede elétrica não aguentaria o tranco.

Em 2012, a Terra se safou de um problemão. Uma supertempestade solar, do tamanho da observada por Carrington, passou próxima ao nosso planeta. Na época, calculou-se que, se ela nos atingisse, o prejuízo seria de US$ 2 trilhões.

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